“A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação.” Fernando Pessoa
Musikes mensageiro…
Na vontade de tanto crescer, por vezes, apressamo-nos a não atentar que a vida é a melhor das escolas. Tudo o que nos rodeia nos ensina, nos transmite esse dom de nos enriquecer.
Urge não nos deixarmos ir na corrente da estagnação. Teremos ser nós mesmos, tijolo a tijolo, a construir o ser Humano que um dia viremos a querer ser. A Música; a Literatura; a Pintura; o Teatro; os Museus; as Exposições, entre tantas outras formas de arte que marcam este século XXI, são dádivas dos seus autores. Em conjunto com o conhecimento académico, a sua expressão artística contribui para o processo de partilha, de construção cultural identitária do pensar, agir e fazer do nosso “Eu”.
Com a rúbrica do "Gotinhas... Culturais", pretende o “Musikes” veicular aqui alguma divulgação cultural dos conselhos do Porto, esperando que aponte um maior desejo por saber.
Eis aqui os primeiros “gotinhas culturais” destes encontros que espero que sejam semanais.
A todos… Boas audições e leituras!
Até breve!
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Feira do Livro do Porto abre ao público nos Jardins do Palácio de Cristal
http://blogtailors.com/feira-do-livro-do-porto-tem-inicio-ja-7508703
É já na sexta-feira, dia 5, a partir das 18.00, que a Feira do Livro do Porto abre ao público nos Jardins do Palácio de Cristal e na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, onde pode ser visitada até dia 21. Além da participação de várias livrarias e editores, especialmente do norte do país, o evento será acompanhado por um ciclo de debates que decorrerá no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett.
A feira abre o seu primeiro fim de semana com três debates. No dia 6 (sábado), a partir das 15.30, José Maria Vieira Mendes e João Tordo conversam, com moderação de José Mário Silva, sobre «A Nova Literatura Portuguesa». A partir das 17.30, Gonçalo M. Tavares e Germano Silva juntam-se na mesa «A Viagem: do Mundo à Cidade», com moderação da jornalista Maria João Costa. No domingo, pelas 15.30, Mário Cláudio está à conversa com Augusto Santos Silva na mesa «O Livro Proibido é o Mais Apetecido», juntamente com José Pacheco Pereira.
No dia 10 (quarta-feira), às 19.00, Salvato Telles de Menezes e Pedro Mexia, acompanhados por Vasco Telles de Menezes, conversam na mesa «Quem tem medo de... David Foster Wallace e Pier Paolo Pasolini».
No dia 13 (sábado), às 15.30, Teolinda Gersão e Rosa Alice Branco conversam, guiadas por Ana Sousa Dias, com o tema «Quem tem medo de... James Joyce e Marcel Proust». Pelas 17.30, «From Here to Eternity» junta Richard Zenith e Manuel Villaverde Cabral, com Fernando Pinto do Amaral. No domingo, 14, às 15.30, João Luís Barreto Guimarães e Manuel Alegre são moderados pelo jornalista Sérgio Almeida, na mesa «Literatura em Censura».
Na quarta, dia 17, pelas 19.00, Lídia Jorge e Paulo Moura estão com Valdemar Cruz na mesa «O Silêncio da Guerra».
Sábado, dia 20, Maria João Lopo de Carvalho e Rita Ferro estão, às 15.30, com Helena Vasconcelos, conversando sobre o tema «Cânone vs. Mercado?». A última mesa da feira decorre no dia 21, domingo, com início pelas 15.30, na qual Rui Ramos e Dulce Maria Cardoso estão com o jornalista Carlos Vaz Marques na conversa «E Agora, o Futuro.»
A Feira do Livro do Porto estará aberta ao público a partir das 16.00 (de segunda a sexta-feira) e das 12.00 (ao sábado e domingo). O evento encerra às 22.00 (de quinta-feira a domingo) e às 23.00 (à sexta-feira e sábado).
Além da feira do livro e do ciclo de debates, está ainda previsto um ciclo de cinema, leituras, exposições, concertos, oficinas e sessões de spoken word.
Acompanhe a página da Feira do Livro do Porto no Facebook, aqui.
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Mariza vence prémio Artista Womex 2014
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/mariza-vai-receber-premio-artista-womex-2014-1668522
A carreira e difusão do fado a nível global premiados por uma das maiores montras das músicas do mundo - a Womex.
A cantora portuguesa Mariza é a vencedora do prémio Artista Womex 2014.
A notícia foi avançada nesta quarta-feira pela organização daquele que é um dos eventos de vocação global mais conhecidos no campo das chamadas músicas do mundo – a Womex, misto de feira internacional e de festival de música.
No comunicado que revela a atribuição do prémio, pode ler-se sobre a cantora portuguesa: “Desde a edição do seu primeiro álbum há 13 anos, Mariza tornou-se conhecida como o expoente máximo vivo do fado, bem como a artista mais visionária e inovadora no estilo. Ela criou o seu próprio som que é igual nas tabernas de Lisboa ou nas mais prestigiadas salas de espectáculo no mundo, e é tanto uma estrela em Portugal como no seio da comunidade da world-music. Por ter trazido o estilo para novos níveis de reconhecimento internacional e por alcançar novos patamares artísticos dentro do género, atribuímos-lhe o prémio Artista Womex 2014. “
Palavras que acabam por enquadrar o seu percurso nos últimos anos. Um caminho que é, cada vez mais, concretizado em duas direcções apenas aparentemente distintas. Por um lado, trata-se de respeitar a memória fadista, porque, no mundo globalizado de hoje, esse tipo de singularidade acaba por constituir um valor acrescentado. Por outro lado, a sua acção tem sido propor uma espécie de fado transcontinental, capaz de ser facilmente apreendido nos circuitos internacionais, porque a diferença só é mais-valia se aqueles que a ela se submetem a entenderem.
Agora, treze anos depois da estreia em disco, mais de um milhão de discos vendidos, com edição em mais de 35 países e inúmeras digressões mundiais nas salas mais prestigiadas, este prémio junta-se a outras distinções, como ter sido vencedora de três BBC Music Awards, na categoria de "Best European Act", e duas nomeações para os Grammys.
O prémio será entregue por Lucy Durán (Universidade de Londres e ex-apresentadora da Rádio BBC) no próximo dia 26 de Outubro em Santiago de Compostela. Após a cerimónia, que decorre no âmbito da edição de 2014 do prestigiado evento de músicas do mundo, fará o concerto de encerramento da Womex deste ano, revelando algumas das canções que integram o seu Best of Mariza da carreira, lançado em Abril último.
***Músico Renato Bettencourt leva sons da viola da terra dos Açores à Holanda
O músico Renato Bettencourt leva à Holanda, no final de setembro, os sons da viola da terra, instrumento tradicional dos Açores, num concerto que surgiu do convite de um holandês residente na ilha de S. Jorge.
“O primeiro concerto será no dia 27, se bem que já tenho a indicação que no dia 28 faremos também um concerto numa galeria de arte”, afirmou à agência Lusa Renato Bettencourt, que não esconde o seu contentamento com esta oportunidade de atuar no estrangeiro pela primeira vez.
Renato Bettencourt explicou que o convite para atuar na Holanda foi feito por Pieter Adriaans, que em conjunto com outros holandeses amantes dos Açores organizaram um fim de semana tipicamente açoriano naquele país e onde, além da música, haverá declamação de poemas de Vitorino Nemésio e gastronomia das ilhas.
“Essa oportunidade surge a partir de um convite do Pieter Andriaans, que é um holandês que vive nos Açores, comprou uma residência na ilha de S. Jorge. Ele recebeu um convite do diretor da Orquestra Sinfónica de VechtStreek”, referiu Renato Bettencourt, revelando que Pieter Andriaans vai estrear no concerto do dia 27 de setembro a “Suite açoriana”, um 'medley' de músicas do arquipélago.
Apesar de estar ligado aos instrumentos de corda desde a infância, Renato Bettencourt confessou só ter começado a tocar viola da terra há cerca de um ano.
“Nasci numa família que tocava vários instrumentos de corda. Comecei de pequeno a tocar violino, depois passei para o bandolim e violão. Por isso, foi mais fácil depois pegar na viola da terra” disse o músico açoriano, que atualmente toca com uma viola da terra feita por medida nas Flores, com o seu nome gravado no tampo e em forma de "b", em homenagem à família Bettencourt.
Segundo disse, no concerto da Holanda deverá atuar com uma nova viola da terra feita na ilha de S. Jorge, com um formato mais tradicional.
A viola da terra, que produz um som característico devido ao encordoamento de 12 cordas, também é conhecida como viola de arame ou viola de dois corações, sendo semelhante ao violão, mas de dimensões mais pequenas.
Uma das suas características é a abertura ou boca da viola ser constituída por dois corações, com as pontas em sentidos opostos e unidos numa lágrima, que simboliza a saudade e a ligação entre os açorianos que emigram e aqueles que ficam nas ilhas.
“Cada ilha tem a sua maneira própria de tocar. Comecei a desenvolver a técnica que usamos cá em S. Jorge. Ouvi os mais antigos a tocar. É um instrumento que é nosso. É único. É verdadeiramente açoriano”, frisou Renato Bettencourt.
A viola da terra, que durante anos caiu em desuso, voltou a estar na moda, com jovens interessados em aprender a tocar este instrumento tradicional quer nas escolas de música criadas para o efeito, quer nas aulas do Conservatório Regional de Ponta Delgada.
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O Rivoli começa a dançar com a CNB – e a seguir anda de skate com John Romão
Oito anos depois, as portas do teatro municipal do Porto voltam a abrir-se à cidade. A preços de amigo: o passe para os 12 espectáculos do ciclo O Rivoli Já Dança custa 25 euros.
E pronto, o Porto voltou a ter um teatro municipal: a reabertura oficial do Rivoli é só no próximo dia 12, com uma visita especialmente simbólica da Companhia Nacional de Bailado (CNB) à sala onde em 1977 apresentou o primeiro espectáculo da sua vida, mas a bilheteira está a vender desde ontem os passes gerais para esta temporada zero. A preços "um bocadinho brutais", sublinhou o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, na conferência de imprensa de apresentação do ciclo O Rivoli Já Dança!, que ocupará o teatro até 20 de Dezembro: 12 espectáculos, 25 euros, para deixar bem claro que "este é um território aberto a toda a gente". E a todo o tipo de práticas, do skate que se atravessa no espectáculo pasoliniano de John Romão, Teorema (25 de Outubro), ao vira do Minho que Filipa Francisco reconfigurará com o Grupo Etnográfico do Orfeão do Porto em mais uma versão de A Viagem (15 de Novembro).
Embora ainda sem o dedo do novo director artístico, Tiago Guedes, que na prática só em Janeiro de 2015 (e depois das obras de restauro do palco do Grande Auditório) assumirá a programação do Teatro Municipal do Porto, O Rivoli Já Dança! é um trailer bastante indicativo (e bastante exaustivo) daquilo que se pretende que seja o espírito da sala da Praça D. João I. "Este ciclo assinala a tendência de um teatro que dará prioridade à dança e às artes do corpo, mas sempre em diálogo com as outras disciplinas – e que será também um importantíssimo território do pensamento, onde de resto decorrerá já em Novembro o Fórum do Futuro, para o qual foram convocados grandes teóricos da contemporaneidade, incluindo dois prémios Nobel e quatro Pritzker. Entendemos que o Rivoli deve ser um mediador da cidade, um lugar onde a cidade se revê e se apresenta – um lugar simultaneamente popular e cosmopolita, histórico e contemporâneo, local e nacional", explicou Paulo Cunha e Silva.
A abertura com a CNB (que trará ao Porto a sua remontagem da peça Mozart Concert Arias – Un Moto di Gioia, de Anne Teresa De Keersmaeker) e o fecho com a versão portuense do Atlas de Ana Borralho & João Galante (uma espécie de cartografia da cidade a partir de 100 dos seus habitantes) sinalizam essa tensão entre o nacional e o local que será um dos eixos do novo Rivoli.
Pelo meio, haverá lugar para que o resto do mundo entre no teatro da Praça D. João I – primeiro com De Repente Fica Tudo Preto de Gente, do coreógrafo brasileiro Marcelo Evelin (26 e 27 de Setembro), que participou na conferência de imprensa via Skype, e depois com Shelters, encontro entre o coreógrafo israelita Hofesh Shechter e a Companhia Instável (18 de Outubro), que teve uma primeira vida no ano em que Guimarães foi Capital Europeia da Cultura. E também haverá lugar para que uma série de estruturas e de criadores da cidade ali estreiem novos espectáculos: é o caso da Circolando, que a 10 e 11 de Outubro apresenta Rios do Sono, sobre o mal que andamos todos a dormir; de Victor Hugo Pontes, que mostrará Fall em primeira mão a 8 de Novembro; de Né Barros, actualmente a reescrever duas das suas peças (o solo Untraceable Patterns e um reflexão sobre o despovoamento da Lituânia, Million) para o palco do Rivoli (20 de Novembro); e do Núcleo de Experimentação Coreográfica, que convidou Dinis Machado a desenvolver no Porto mais um capítulo da sua investigação sobre um futuro sem capitalismo (será Cyborg Sunday, a 22 de Novembro).
Um ciclo de Solos Icónicos programados pela Companhia Instável, incluindo momentos "históricos" da dança contemporânea portuguesa como Os Olhos de Gulay Cabbar, de Olga Roriz, e uma misteriosa Coisa, disse o e.e. cummings, de Vera Mantero, completa o núcleo duro da programação para estes primeiros meses. Fora deste baralho ficam dois concertos (de resto não incluídos no pacote de espectáculos a que o passe geral dá acesso), um de Sérgio Godinho (1 de Novembro) e outro dos Dead Combo (12 de Dezembro).
Postos à venda os bilhetes, resta perceber como responderá uma cidade que durante tantos anos esteve privada do seu teatro municipal ao grande comeback do Rivoli. É um público que tem de ser recuperado, reconhece o vereador da Cultura, para o qual o preço totalmente abaixo do mercado do passe geral é um "instrumento político" indispensável nesta fase. E que, reconhece também, dificilmente será replicado no pós-temporada zero: "Para este arranque tivemos de adoptar uma estratégia de captação de públicos um bocadinho brutal. Depois, o comportamento da bilhética terá de ser adaptado à procura do teatro, até porque nem é salutar na relação do teatro municipal com as outras salas da cidade este tipo de dumping."
De resto, é cedo para saber como estarão as finanças do Rivoli no próximo ano: o orçamento da Câmara Municipal do Porto só deverá ser aprovado em Novembro. Paulo Cunha e Silva desvalorizou os sinais de desagrado manifestados pelo CDS-PP depois da entrevista de Tiago Guedes ao PÚBLICO, mas admitiu que "todos os vereadores estão preocupados com o orçamento dos seus pelouros e a trabalhar para que sejam compatíveis com as suas missões".
A do Rivoli, para já, é deixar a cidade entrar. Para quem, como André Braga, da Circolando, estava há dez anos sem lá ir, "foi uma emoção fortíssima ver aquela porta lá em baixo a abrir-se".
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D'Bandada atravessa Aliados para unir os dois lados da Baixa do Porto
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=4105529
A Câmara do Porto vai ser "o ponto de partida" da quarta edição da D'Bandada, que, neste ano, vai abranger as "duas margens" da Avenida dos Aliados. No próximo dia 13, serão 62 os artistas que irão tentar criar, em 19 palcos, um "S. João da Música" na Baixa da cidade. São esperadas mais de 100 mil pessoas.
"O D'Bandada não é uma iniciativa nova. Mas identifica-se muito com a nossa visão da cidade. É termos festa e animação de boa qualidade na cidade. É termos pessoas a viver um S. João musical na cidade", referiu o presidente da Câmara, Rui Moreira, esta terça-feira, na apresentação do cartaz do evento, que vai ganhar uma nova dimensão geográfica, atravessando a Avenida dos Aliados para levar animação a novos espaços, como a Rua Passos Manuel e a Praça dos Poveiros.
Convicto de que, apesar de todas as dificuldades com que se vive no país, já começa a haver "um sentimento de ânimo na cidade", Rui Moreira acredita ser possível ultrapassar as 100 mil pessoas que se calcula terem assistido à D'Bandada do ano passado. "Temos condições para termos mais gente", considera, defendendo que, para tal, poderão contribuir as "maiores facilidades" existentes em termos de mobilidade. Em causa, o facto de o metro e de a STCP terem serviços a funcionar durante 24 horas nos fins-de-semana.
Nova "festa da cidade"
Além do alargamento geográfico, o D'Bandada conta, neste ano, com novos palcos, como o Ateneu Comercial do Porto, o Edifício Axa e o Varandim da Torre dos Clérigos, além da passagem obrigatória pelo Maus Hábitos.
"Não havia melhor sítio na cidade do que aquela torre de granito dos Clérigos para Tiago Pereira", sublinha o responsável pela programação, Henrique Amaro, antecipando o concerto dos Mind Da Gap e dos Dealema na Praça dos Poveiros, além do DJ Marfox no Armazém do Chá.
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Na primeira vez que sai do Brasil, a Bienal de São Paulo mostra-se em Serralves
Conjunto de obras de arte contemporânea ainda por seleccionar será exposto no museu portuense no Outono de 2015.
A estreia internacional da Bienal de São Paulo, uma das mais relevantes mostras de arte contemporânea do mundo, acontecerá em 2015 no Museu de Serralves, no Porto. O acordo entre as duas instituições foi anunciado nesta segunda-feira pelo presidente da Fundação da Bienal de São Paulo, Luis Terepins, em conferência de imprensa no Pavilhão Ciccillo Matarazzo.
É nesse edifício, desenhado por Oscar Niemeyer, que se encontram as peças – algumas em processo de finalização – que farão a história da 31.ª edição da Bienal, que abre ao público no sábado, dia 30, e decorre até 7 de Dezembro. Entre elas estão dois conjuntos de imagens de Bruno Pacheco, o único artista português no histórico pavilhão do Parque do Ibirapuera.
Não é certo, no entanto, que Meeting Point e Outros Trabalhos, as peças de Pacheco, integrem o “recorte” da Bienal que chegará ao Norte de Portugal nos três meses de Outono do próximo ano. Essa será uma decisão a tomar pelo colectivo de curadores da mostra brasileira, que no início de 2015 viajarão para o Porto, em articulação com a equipa do Museu de Serralves.
“Temos de trabalhar em conjunto. [Antes de decidir] vamos lá para aprender um pouco sobre o Porto, para perceber a realidade da cidade”, declarou Charles Esche ao PÚBLICO. O curador escocês desta edição da Bienal disse ainda que será tida em conta “a condição particular” de Portugal quando foram escolhidas as obras, que respondem ao tema Coisas que não existem.
É um tema propositadamente poético, diz o colectivo de curadores da Bienal, que quis que os artistas convidados se debruçassem sobre o processo de transformação por que passam as sociedades actuais, sem no entanto se saber para onde caminham. É um desafio à imaginação. Ou, em alternativa, ao reconhecimento de coisas que existem, mas que estão escondidas.
Esche sublinhou que, dadas as relações históricas entre os dois países – e a itinerância inédita da Bienal para fora do Brasil –, os curadores pretendem responder ao “fardo colonial” português. Assim como ao seu “fardo contemporâneo”, a União Europeia. “É um espaço de conflito”, segundo o escocês, que “faz mais sentido” para esta estreia “do que a Suécia”.
Outra curadora da Bienal, Galit Eilat, disse ao PÚBLICO que Serralves foi uma aposta do presidente da Fundação da Bienal. A israelita, que destaca a história do museu português e considera “interessante” tratar-se de uma entidade privada, também vê nesta parceria uma espécie de “justiça colonial” – por serem agora os brasileiros a levar cultura para Portugal.
Apesar destas ideias embrionárias dos curadores, “ainda é cedo” para mais detalhes, refere Charles Esche. O que se sabe, para já, é que o acordo assinado a 25 de Julho pela directora de Serralves, Suzanne Cotter, prevê que o conjunto de obras ocupe cerca de 1400 metros quadrados do museu portuense. Segunda a assessoria da Bienal, os custos da produção serão repartidos.
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Em jeito de sugestão, aqui ficam algumas propostas de leitura.
Sérgio Godinho estreia-se na na ficção com contos
http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=4107077&seccao=Livros
A estreia do músico e compositor Sérgio Godinho na ficção, com o livro de contos "VidaDupla", é uma das novidades editoriais do grupo BertrandCírculo, que hoje apresentou à imprensa os títulos a publicar até ao final deste ano.
A obra, que sucede a histórias do músico para crianças, sairá em outubro com a chancela da Quetzal, dirigida por Francisco José Viegas, depois da chegada às livrarias, esta semana, do primeiro romance de J. Rentes de Carvalho, "Montedor", datado de 1968, com o qual a editora prossegue a publicação da obra completa do escritor de 83 anos, que viveu grande parte da vida na Holanda e foi tardiamente reconhecido em Portugal, com títulos como "A Amante Holandesa", "Ernestina" e "Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia", entre outros.
Sobre "Montedor", protagonizado por um rapaz sem futuro, escreveu José Saramago: "O autor dá-nos o quase esquecido prazer de uma linguagem em que a simplicidade vai de par com a riqueza (...), uma linguagem que decide sugerir e propor, em vez de explicar e impor".
Na ficção em língua portuguesa, destaque também para a edição em outubro de um novo romance de José Luís Peixoto e, na ficção traduzida, da obra vencedora do mais recente Man Booker Prize, "Os Luminares", de Eleanor Catton, na Quetzal e na Bertrand, respetivamente.
Igualmente na Bertrand, chancela dirigida por Eduardo Boavida, assistir-se-á ao regresso do jovem escritor norte-americano Philipp Meyer, com um épico do Oeste americano intitulado "O Filho", depois da auspiciosa estreia com "Ferrugem Americana", há três anos.
"Herzog", de Saul Bellow, em setembro, e "O Rei Pálido", o romance inacabado de David Foster Wallace, em novembro, são outros títulos de ficção traduzida que dão continuidade à publicação da obra destes dois autores pela Quetzal.
Na não-ficção, o maior destaque vai para aquele que é considerado o melhor livro de economia da década: "O Capital no século XXI", do economista francês Thomas Piketty, que chega às livrarias em outubro pela mão da Temas e Debates, chancela que completa 20 anos de atividade, com direção da editora Guilhermina Gomes.
No mesmo mês, a Temas e Debates lança também um novo livro de Mário Soares, intitulado "Cartas e Intervenções Políticas do Exílio", que junta textos escritos antes de Abril de 1974 e, em novembro, o ensaio "O Passageiro Clandestino", de Leonor Xavier, além da obra "Bom dia, Sr. Mandela", o testemunho da assistente africânder do Presidente sul-africano Nelson Mandela, Zelda de la Grange.
Entre as propostas de não-ficção na Quetzal, contam-se ainda as obras "Da Europa de Schumann à Não Europa de Merkel", de Eduardo Paz Ferreira, "O Puto", de Ricardo Saavedra, uma Biografia de Marcello Caetano, por Luís Menezes Leitão, e "A Mística de Putin", de Anna Arutunyan.
Em novembro, em "O Fado da Tua Voz. Amália e os Poetas", Vítor Pavão dos Santos guia os leitores numa viagem ao mundo da poesia cantada por Amália Rodrigues, analisando as letras e reconstruindo, de memória, a história de cada fado.
A tradução de Aquilino Ribeiro de "A Retirada dos Dez Mil", de Xenofonte, com prefácio de Mário de Carvalho, e, com chancela do Círculo de Leitores, os últimos três volumes da Obra Completa do Padre António Vieira (30 volumes), assim como o início de uma nova coleção dedicada à literatura tradicional portuguesa, da autoria de José Viale Moutinho, completam a lista das principais novidades editoriais do grupo BertrandCírculo.
E... Por esta semana ficamo-nos por aqui.
Até às próximas "gotinhas... culturais"! :)