"A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação." Fernando Pessoa
No "Gotinhas" desta semana, estas e outras novas que passaram.
No Coliseu do Porto para o mês de Dezembro: ANSELMO RALPH03.12.2014
Mercado Mini Market06.12.2014 MONUMENTAL CIRCO DO COLISEU DO PORTO06.12.2014 CARMINA BURANA22.12.2014 CELTIC LEGENDS29.12.2014
O cante já é património cultural da humanidade O Comité intergovernamental da UNESCO reconheceu (...) o cante alentejano como património cultural imaterial da humanidade.
Morreu a pianista centenária Nella Maissa Intérprete nascida em Turim mas naturalizada portuguesa fizera cem anos em Maio. Nella Maissa no seu último concerto, em Junho de 2008, na Casa da Música.
Câmara de Lisboa vai intimar ministério para fazer obras na Escola de Música do Conservatório A decisão surge na sequência de uma vistoria realizada ao imóvel no Bairro Alto, na qual se concluiu que existe risco de queda de elementos das fachadas, "insalubridade" e "alguma insegurança em relação ao risco de incêndio" no interior.
Obra Completa de António Vieira Padre António Vieira já pode pregar aos leitores com Obra Completa. Ainda em vida do pregador houve intenção de reunir a sua imensa obra mas foram precisos três séculos o fazer.
À conversa com...
Alice Vieira: "As pessoas que conhecemos fazem de nós o que nós somos" Alice Vieira é uma das escritoras portuguesas para públicos jovens mais lidas e premiadas. O seu incansável empenho em levar a literatura às crianças e aos jovens alunos, nas escolas de todo o país, tem continuado a conquistar leitores e a contribuir para formar pessoas que gostam de livros. Em Coimbra, onde apresentou, na Livraria Lápis de Memórias, o seu mais recente livro, de poesia, com o título "Os armários da noite", explicou, em entrevista ao DIÁRIO AS BEIRAS, a razão da enorme energia que a move.
García Márquez: o arquivo do anti-imperialista vai para os Estados Unidos Manuscritos, cartas, blocos de notas, fotografias e objectos pessoais vão para o Harry Ransom Center, da Universidade do Texas, um dos mais importantes arquivos literários do mundo. Garcia Márquez fica ao lado de autores como James Joyce ou Jorge Luis Borges.
Urban Sketchers: Quando os desenhos são mais reais do que as fotografias O Porto pode ler-se a pinceladas finas ou a traços grossos, de forma monocromática ou inundado de cor. Cada desenho é uma impressão pessoal e a partilha é o mais importante de tudo.
Novos achados no Vale do Côa terão mais de 30 mil anos, anteriores às gravuras rupestres Arqueólogos do Vale do Côa admitiram hoje pela primeira vez terem descoberto ao longo do ano novos sítios cuja data pode ir até ao Paleolítico Médio, disse à Lusa o diretor do Parque Arqueológico do Côa, Martinho Batista.
Mercados de Natal no Porto para (quase) todos os gostos Uns exibem a assinatura da criatividade outros a etiqueta do solidário. A verdade é que não faltam eventos no Porto, de rua ou nem por isso, a convidar às compras para a época do Natal.
No Coliseu do Porto-SalãoÀtico O Mini Market, vai estar no Coliseu do Porto, dia 06/12/2014 das 10.00h às 19.00h. No MiniMarket- Edição de Natal, vão estar presentes várias marcas de roupa infantil, de senhora, bijuteria, acessórios, doçaria e muito mais... Entrada Gratuita.
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No Coliseu do Porto para o mês de Dezembro: http%3A%2F%2Fwww.coliseu... url q=http%3A%2F%2Fwww.coliseu...
A programação do Coliseu do Porto para o mês de Dezembro: ANSELMO RALPH03.12.2014 > 21.00 h Mercado Mini Market06.12.2014 > 10.00 h MONUMENTAL CIRCO DO COLISEU DO PORTO06.12.2014 > CARMINA BURANA22.12.2014 > 21.30 h CELTIC LEGENDS29.12.2014 > 21.30 h
O cante já é património cultural da humanidade
http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=4263492O anúncio foi feito às 10:15, na 9.ª sessão do Comité Intergovernamental da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Humanidade, que decorreu até sexta-feira passada em Paris, França. E pouco depois, todos puderam ouvir o tema 'Alentejo, Alentejo', interpretado na sala pelo Grupo Coral de Serpa. Além do cante, Portugal tem mais dois items já inscritos na lista do Património Imaterial da Humanidade: o fado (em 2011) e a dieta mediterrânica (em 2013). O cante alentejano, o "(can)to da (te)rra", que retrata a "ligação umbilical do trabalhador com a terra-mãe", nasceu entre gentes das planícies, tornou-se a "marca identitária" da cultura do Alentejo e pode tornar-se Património da Humanidade. Segundo a Moda - Associação do Cante Alentejano, o canto a vozes tradicional do Alentejo "nasceu no afã" das longas caminhadas dos trabalhadores do campo entre as aldeias onde moravam e os locais de monda ou ceifa, onde era "forçoso" estar ao nascer do sol. Ouça um pouco da atuação do Grupo Coral Etnográfico da Casa do Povo de Serpa.
Morreu a pianista centenária Nella Maissa
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/morreu-a-pianista-nella-maissa-1677535A pianista Nella Maissa, nascida em Turim de origem judia mas naturalizada portuguesa, morreu na passada madrugada de quarta-feira, a 26/11/2014 no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vítima de problemas respiratórios. A intérprete fizera 100 anos no passado dia 7 de Maio, e vivia no lar da Casa do Artista. Em declarações à Lusa, Ricardo Maissa, filho da pianista, indicou que a mãe teve problemas respiratórios na noite de terça-feira e foi transportada para aquele hospital, onde viria a falecer pouco tempo depois. O funeral realiza-se esta sexta-feira, às 13h, no Cemitério Israelita, em Lisboa. Nascida em Itália, em 1914, Nella Maissa tornou-se portuguesa pelo casamento com Renato Maissa, em 1936, na sinagoga de Milão, tendo-se fixado em Portugal três anos mais tarde. Foi a partir daqui que desenvolveu uma longa e intensa carreira como concertista, tanto em Portugal como no estrangeiro, tendo tido um papel determinante na divulgação da música portuguesa. "Nella Maissa foi uma figura importantíssima da música, uma intérprete de eleição, que dedicou grande parte da sua carreira aos compositores portugueses, como Armando José Fernandes e Fernando Lopes-Graça", disse ao PÚBLICO o compositor Alexandre Delgado, apanhado de surpresa pelo seu desaparecimento. Ruy Coelho, Luís de Freitas Branco e Joly Braga Santos são outros compositores que a pianista interpretou em palco, e em gravações, e que muitas vezes compuseram de propósito para Maissa. Alexandre Delgado cita a gravação da integral da música para piano de Domingos Bomtempo como um dos feitos maiores da carreira de Maissa, não esquecendo, também, as primeiras audições que a pianista fez em Portugal de música do século XX, como a peça Ludus Tonnalis, de Paul Hindemith, ou os Prelúdios, de Franck Martin. Messiaen, Prokofiev, Bartók, Dallapicola, Chostakovich e Gershwin são outros compositores que Maissa revelou em estreia nos palcos portugueses. "Desde o início da sua carreira, Nella Maissa manifestou preferência pela interpretação de obras menos conhecidas do período clássico e romântico, pelo reportório contemporâneo e por obras de compositores portugueses, que divulgou nacional e internacionalmente", escreve Cristina Fernandes (crítica e colaboradora do PÚBLICO), na entrada dedicada à pianista na Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX. "Nella Maissa era possuidora de uma grande capacidade técnica, de um estilo expressivo, mas ao mesmo tempo muito racional no modo como executava as obras", acrescenta Alexandre Delgado, realçando que a pianista não era adepta "de grandes brilharetes, nem tinha a pose do grande solista que muitas vezes se coloca acima do compositor". Além disso, Delgado, que conheceu bem, privou de perto e foi amigo de Maissa, nota que se tratava de "uma senhora de uma frontalidade espantosa, característica que manteve até ao fim". De resto, para além da longevidade física, Nella Maissa manifestou também uma grande longevidade artística, já que o seu último concerto em público fê-lo já com 94 anos, em Junho de 2008, na Casa da Música, no Porto. E só abandonou os palcos quando ficou cega. Com cerca de 80 anos, Maissa fora alvo de uma homenagem nacional no Teatro Tivoli, em Lisboa, onde tocou com a Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro Manuel Ivo Cruz. Uma década antes, em 1986, a Secretaria de Estado da Cultura atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural, a que se seguiu, em 1989, a distinção com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Na carreira de Nella Maissa, conta-se também a conquista do 1º Prémio do Concurso Vianna da Motta, e um percurso internacional que passou pelos principais palcos de vários países europeus, de Espanha a Itália, de Inglaterra à Roménia, mas também do Brasil à África do Sul. A Secretaria de Estado da Cultura, numa nota enviada à comunicação social, manifestou "público pesar pelo falecimento de Nella Maissa", a quem classifica como "notável pianista e concertista". E salienta "a forte relação" que a pianista manteve, "desde muito cedo, com Portugal e com a Cultura Portuguesa, desempenhando um importante papel na divulgação de autores portugueses, a nível nacional e internacional".
Câmara de Lisboa vai intimar ministério para fazer obras na Escola de Música do Conservatório
http://www.publico.pt/local/noticia/camara-de-lisboa-vai-intimar-ministerio-para-fazer-obras-na-escola-de-musica-do-conservatorio-1677987A Câmara de Lisboa vai intimar o Ministério da Educação e Ciência (MEC) para realizar obras de conservação no edifício da Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa. A decisão surge na sequência de uma vistoria realizada ao imóvel no Bairro Alto, na qual se concluiu que existe risco de queda de elementos das fachadas, "insalubridade" e "alguma insegurança em relação ao risco de incêndio" no interior. Esta inspecção foi realizada na sequência de um pedido da própria directora da escola, feito em Abril deste ano, mês em que a instituição voltou a ser notícia devido à queda de parte do tecto de uma sala. No requerimento que dirigiu nessa altura à autarquia, Ana Mafalda Pernão lembrou as "várias derrocadas de tectos de salas de aula e de corredores" e as "infiltrações na cobertura e caldeiras". E solicitou que fosse feita, "com a maior urgência, uma vistoria ao estado de segurança do edifício", frequentado por 963 alunos. "O Ministério da Educação tem conhecimento há vários anos dos problemas existentes, mas até agora ainda não fez qualquer intervenção no espaço, o qual se tem vindo progressivamente a degradar", afirmava a directora da escola no pedido que dirigiu ao presidente da Câmara de Lisboa, no qual acrescentava que a associação de pais lhe tinha solicitado "que fossem tomadas todas as diligências para prevenir qualquer acidente". No fim de Junho, realizou-se a inspecção requerida ao município, tendo os três técnicos que a conduziram concluído que "deverá ser determinada a execução e obras de consolidação e reparação no edifício" com vista à "eliminação" de um conjunto de "anomalias", "de modo a garantir a indispensável solidez e salubridade da edificação". "Os elementos estruturais que poderão oferecer maior risco são as paredes exteriores, por risco de queda de elementos", diz-se no auto de vistoria. Nele aponta-se também a existência de riscos ao nível das paredes interiores, por "degradação dos elementos estruturais em madeira (...), com anomalias resultantes de infiltrações prolongadas de águas". Os problemas sobre os quais os técnicos consideraram que as obras a realizar deveriam "incidir prioritariamente" incluem ainda a situação de "insalubridade" detectada, que é atribuída "às infiltrações de água pluvial, provenientes das fachadas e cobertura", bem como "à ausência de obras de conservação". No auto de vistoria refere-se também a existência de "alguma insegurança em relação ao risco de incêndio devido às infiltrações em contacto com a rede eléctrica que evidencia desgaste". Já em Outubro, essa informação técnica mereceu a concordância do director da Unidade de Intervenção Territorial do Centro Histórico. O PÚBLICO perguntou à câmara qual o seguimento que ia ser dado a este processo e o vereador da Reabilitação Urbana, Manuel Salgado, fez saber que, tendo-se concluído pela "necessidade de obras de conservação", "foi iniciado o procedimento para fins de intimação". Na semana passada, a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou, por unanimidade, uma recomendação (da Comissão de Cultura e Educação) na qual se solicitava à câmara "que faça cumprir as recomendações-conclusões" daquele auto de vistoria. Em Abril, este órgão autárquico já tinha aprovado duas recomendações (uma do PEV e outra do PCP) nas quais se defendia a necessidade de a escola de música ser reabilitada. No início de Novembro, outra recomendação (do PCP) voi aprovada, propondo a classificação do Conservatório Nacional como imóvel de interesse municipal. O PÚBLICO perguntou ao ministério de Nuno Crato se reconhecia a necessidade da realização de obras no imóvel no Bairro Alto e se havia verbas consagradas para esse efeito no Orçamento para 2015. Em resposta foi dito que o secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar se pronunciou recentemente sobre o assunto no Parlamento, onde informou que "têm sido feitas intervenções pontuais na cobertura do edifício" e que, entretanto, "tem-se constatado que carece de uma intervenção mais abrangente". "Foi efectuada uma vistoria ao telhado, por técnicos da Direcção de Serviços da Região de Lisboa e Vale do Tejo, tendo sido registada uma situação mais complexa do que se previa, resultante das características arquitectónicas e construtivas das duas fachadas principais", disse João Casanova de Almeida. O secretário de Estado acrescentou, segundo foi transmitido pela assessoria de imprensa do MEC, que, "dado que este edifício se localiza numa área denominada, segundo o PDM de Lisboa, de potencial valor arquitetónico, foi contactado o Igespar e qualquer intervenção terá de ser feita em harmonia com o parecer deste organismo dadas as características do edifício e a sua localização, sendo que foi assinalada como prioritária a intervenção na cobertura do edifício".
Obra Completa de António Vieira
http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=4271593Padre António Vieira já pode pregar aos leitores com Obra Completa. Ainda em vida do pregador houve intenção de reunir a sua imensa obra mas foram precisos três séculos o fazer. Após quinze tentativas frustradas em três séculos para reunir toda a produção de António Vieira, será amanhã oficialmente dada como encerrada a odisseia literária de fixação da Obra Completa em 30 volumes. Um projeto que desde 1851 é tentado por académicos, editores e instituições várias em Portugal e no Brasil. Não sem que se o tenha tentado também na Alemanha, Holanda, Itália, França, bem como nos Estados Unidos e no México. O lançamento conta com intervenções de Eduardo Lourenço, Carlos Reis e Viriato Soromenho-Marques, e envolveu uma equipa de investigadores portugueses e brasileiros que conseguiram terminar, finalmente, a edição em 30 volumes de sermões, cartas, textos proféticos e escritos vários. Um conjunto de livros que só foi possível pelo esforço editorial e financeiro do Círculo de Leitores e pelo mecenato da Santa Casa, que se deparou com o gigantismo de uma obra que sobreviveu desde o século XVII ao terramoto de 1755, a incêndios e a naufrágios, e que se distribuía por vários manuscritos em más condições de conservação e muitas bibliotecas e arquivos. A equipa que levou a cabo a Obra Completa conta com especialistas em ciências literárias, paleografia, latim, história, teologia, filosofia, direito, entre outras, sendo a coordenação dos historiadores José Eduardo Franco e Pedro Calafate.
À conversa com...
Alice Vieira: "As pessoas que conhecemos fazem de nós o que nós somos"
http://www.asbeiras.pt/2014/12/alice-vieira-as-pessoas-que-conhecemos-fazem-de-nos-o-que-nos-somos/Alice Vieira é uma das escritoras portuguesas para públicos jovens mais lidas e premiadas. O seu incansável empenho em levar a literatura às crianças e aos jovens alunos, nas escolas de todo o país, tem continuado a conquistar leitores e a contribuir para formar pessoas que gostam de livros. Em Coimbra, onde apresentou, na Livraria Lápis de Memórias, o seu mais recente livro, de poesia, com o título "Os armários da noite", explicou, em entrevista ao DIÁRIO AS BEIRAS, a razão da enorme energia que a move. Agora, encontra-se a trabalhar numa peça de teatro, na biografia da Condessa de Ségur e num livro de "expressões" "Os armários da noite" é um livro de poesia. Uma área da escrita que a maior parte das pessoas não associa a Alice Vieira? Em sete anos, tenho três livros de poesia publicados, este é o terceiro. De facto, eu tenho um primeiro livro de poesia publicado muito cedo, creio que em 1964, com o título "De estarmos vivos", tem uma capa lindíssima, com três pingos de sangue, que já não sei quem fez. A poesia, portanto, logo no início da sua obra? Esteve lá, logo no início. Eu entrei para o jornal, tinha 18 anos, depois de ter começado a enviar textos para o suplemento juvenil do Diário de Lisboa. E a maior parte deles até eram poemas. Eu lembro-me que o primeiro poema que eu tive publicado, num jornal "a sério", foi um poema integrado numa "caixa" numa reportagem sobre Lisboa, do Renato Boaventura, um grande jornalista, e que saiu em vários números do Diário de Lisboa. Ele perguntou-me se podia publicar aquele poema que estava no suplemento juvenil. E eu fiquei... um poema, num jornal "a sério"! Marcou, de alguma forma, a sua entrada no jornalismo, mas também foi um interregno na poesia? Realmente, depois, nunca fiz muita poesia. Escrevi muito mais prosa, crónicas, até entrar mesmo no jornalismo e, então, passei a escrever tudo, que era o que se fazia na altura. Mesmo jogos de futebol, com dois grandes fotojornalistas, o António Capela e o Nuno Ferrari. Lembro-me de um Sporting-Benfica, em que o Sporting ganhou e eu que sempre fui pelo Benfica... São coisas que não se esquecem. Depois, realmente, nunca mais publiquei poesia. Mas não deixou de escrever? Não deixei. Mas a poesia é diferente de tudo o resto na escrita, pelo menos para mim. Que ninguém me diga, por exemplo, quero um livro de poemas teu para o ano. Um romance escreve-se sem nenhum problema, até para o próximo mês. A poesia foge muito a isso, a poesia é só quando aparece. A poesia foge à "prática" da escrita? É isso, mas não é só. Eu costumo dizer que, se tivesse pensado bem, escrevia poesia com um heterónimo, porque é tão diferente de mim. Eu escrevo de outra maneira. Até o próprio ato da escrita, eu escrevo tudo em teclado, mas a poesia escrevo com caneta, sempre à mão. Depois, para trabalhar e eu trabalho muito os textos, mesmo a poesia, já o faço no computador. Mas o princípio é assim, parece que sai do bico da caneta, vem da cabeça direitinho ao bico da caneta. Eu gosto muito de uma definição de poesia, que diz que poesia é quando uma emoção encontra uma técnica. E é isso, a emoção aparece, depois olho para aquilo e vejo o que pode ser aquilo, em termos de técnica. Este é o seu terceiro livro de poesia, sem considerar o tal primeiro, "De estarmos vivos"? Esse nem era assinado com o meu nome. Quer dizer, também era o meu nome. Eu só passei a assinar Alice Vieira quando sai para o Diário Popular, no Diário de Lisboa era Alice Vassalo Pereira. Então, quando escrevi aquele que eu considero ser o meu primeiro livro de poesia, queria uma opinião mais abalizada, não o queria entregar a um amigo... Então descobri que havia um prémio - Maria Amália Vaz de Carvalho - que tinha um júri muito competente, o Fernando Martinho, o Fernando Pinto do Amaral. E tinha uma garantia, que foi um dos grandes ensinamentos que eu aprendi com a Maria Alberta Menéres, só tinha um prémio. Ou ganhas ou não ganhas. Depois, era um prémio para originais e assinados com um pseudónimo. Eu enviei o livro e ganhei. E, recordo-me, estava numa escola, no Tramagal, e recebi um telefonema do Fernando Pinto do Amaral que só me dizia "não és tu, pois não? É que ninguém aqui no júri acredita que és tu!". Essa espécie de "estranheza" relativamente à sua poesia mantém-se? Eu penso que sim. Eu estive com o Manuel Freire no lançamento do livro em Óbidos, na semana passada, e ele escreveu-me um postal - eu e o Manuel Freire temos a mania dos postais - em que ele dizia que tinha gostado muito, mas onde dizia que é um livro muito duro. Uma coisa que as pessoas não associam a Alice Vieira, nem à sua obra? Sim. Embora nos meus romances juvenis eu não seja muito cor-de-rosa, mas acabam sempre bem, porque eu sou otimista e não há nada a fazer. Este livro é um pouco mais duro, realmente. É na poesia que expressa essa sua visão mais dura com a vida? Não sei. Talvez seja. Por exemplo, o primeiro poema que eu escrevi para este livro [que não é o primeiro do livro] aconteceu quando eu estava à espera dos meus netos mais novos, que estavam a fazer exame no Instituto de Espanhol, que é no Jardim Constantino, sentei-me lá numa esplanada e, de repente, senti-me muito mal. Em frente do Jardim Constantino está o prédio onde eu nasci. E o poema que escrevi é realmente muito duro, porque são as recordações todas, eu estava ali e o poema saiu-me quase de jato, depois cheguei a casa e mudei tudo, mas foi assim. Mas é isso, a poesia acontece-lhe? Exatamente. Saem assim, as frases. Depois tenho um trabalho muito complicado de técnica. Mas tem de sair assim, não posso decidir que vou escrever um poema sobre aquilo, não dá. Por isso é que os livros de poesia só aprecem de vez em quando. Depois, há outra coisa, que eu aprendi, agora com a Rosa Lobato Faria. Estamos a escrever um livro de poesia, o que sobrou, deita-se fora. E é sempre isso que eu faço. Porque isto foi assim naqueles dias, naquele mês, naquele ano. Os outros hão de ser depois. E eu acho que os meus três livros são muito assim e muito diferentes também. E essa tal dureza aconteceu-lhe agora porquê? Este livro já estava feito há uns tempitos, mas editar poesia é um pouco complicado. O que significa que este livro foi feito há dois anos. E essa foi uma altura muito complicada, portanto aquela dureza é a dureza de há dois anos, tirando a da infância, que é a dureza da vida inteira. Hoje escreveria de forma completamente diferente. Mas não, não dá, não me sai nada. Como é que tem sido a reação do seu público, muito e muito heterogéneo? Eu tenho um público muito próximo, as pessoas vêm falar comigo na rua, sabem o que eu escrevo, o que eu faço. Como o que eu escrevo para jovens também é para adultos, isso ajuda. O que dá um público muito vasto. E a reação a este livro? Tem sido muito boa. Embora não se leia muito poesia. E eu acho muito engraçado, que tem um efeito muito positivo sobre os livros, sobre a poesia, que são as redes sociais. Através do Facebook, a quantidade de pessoas que escreve coisas do livro, que transcreve coisas do livro. E isso é muito importante. Hoje há esse passa palavra que é muito eficaz? Muito eficaz, mesmo muito eficaz. Pessoas que só me conhecem dali, das redes sociais, mas que me leem e me tratam como se fossem amigos de infância. Há também os blogues, que transcrevem, que falam sobre os livros. E isso faz com que as coisas hoje sejam completamente diferentes. Antes, publicava-se um livro e era quase em segredo, quem é que sabia, ficava ali numa roda de amigos. Agora não, agora é tudo público e isso é uma grande coisa. Agora ainda está a apresentar este "Os armários da noite". E depois? Estou a fazer tudo ao mesmo tempo. A apresentar o livro, a ir às escolas... Continua a ter a vida cheia, que sempre teve? Eu devia parar um bocadinho, a minha médica diz-me que sim. Eu paro um pouco, mas depois esqueço-me logo. O lançamento do livro acaba hoje [terça-feira], aqui, em Coimbra. Depois vou retomar a apresentação em janeiro. Porque, agora, tenho as escolas. Vou estar em Mafra para a semana... A sua presença nas escolas tem sido constante? Tem, mas não pode continuar tão constante. Um dos meus problemas é que as pessoas não entendem que eu não tenho 20 anos e as solicitações continuam a ser muitas, muitas. Depois tenho uma peça de teatro para entregar ao Carlos Avilez até ao final do ano, que é já amanhã, e ele já espera há tanto tempo, mas que está praticamente pronta. Depois, tenho um livro para os mais pequenos, meio didático, que é uma coisa que escrevi há um ano ou dois e que se chama "Expressões com história". Quer explicar o que é que quer dizer "ficar a ver navios", "Maria vai com as outras" e que foi muito engraçado de escrever. E que é mesmo para os miúdos. Porque eles não sabem nadinha dessas coisas? O que é mais curioso é que os adultos também não sabem, como deu para perceber numa reportagem que passou na SIC a partir do meu livro. São 40 expressões. E ainda os dias, os muitos dias que existem, dia disto, dia daquilo, dia daqueloutro. Destes, ainda estou na fase de recolher dados, para saber porque é que há um Dia da Felicidade, porque é que é naquele dia. Ninguém se entende, porque há os dias nacionais, os dias europeus, os dias mundiais. Depois, tenho a Biografia da Condessa de Ségur, depois de ter feito a Biografia da Enid Blyton, há dois anos. Como eu já disse, depois de fazer a biografia de uma "cabra", agora faço a biografia de uma grande mulher. O trabalho continua a ser mais que muito. E o contacto com as pessoas? Eu tenho muito trabalho, mas as pessoas estão sempre em primeiro lugar. Não deixo de jantar com os amigos, faço jantares para festejar tudo e mais alguma coisa. Os meus netos vivem longe, mas quando estão cá divertimo-nos muito. Eu tenho uma máxima, que julgo que é muito certa: Quem tem muito que fazer, tem sempre tempo para tudo. Quem não tem nada para fazer é que não tem tempo para nada. É assim, eu vejo isso com as pessoas, ao pé de mim, nunca têm tempo para nada. Eu não, continuo a fazer tudo. Vou muito à música, felizmente vivo ao pé da Gulbenkian e esforço-me por não perder os concertos das sete horas, vou a lançamento de livros de amigos. Há essa parte da jornalista que nunca perde? Sem dúvida. Quem é jornalista é jornalista sempre. E depois, há dias estava a falar com uma amiga, a Piedade Braga Santos [filha do maestro Joly Braga Santos], e chegámos à conclusão que bom chegarmos à nossa idade e que bom as pessoas que conhecemos, com quem nos demos. Muita gente fantástica. Eu tive a sorte de viver algum tempo em Paris e também tive a sorte de conhecer o Picasso, o Jorge Semprún, o Jorge Amado. É uma grande riqueza? É uma riqueza. E cá, há dias alguém ficou espantadíssimo quando eu disse que conheci a Amélia Rey Colaço. E conheço os de agora, claro. A Verbo publicou há pouco tempo a "Mafalda toda", que fez 50 anos, para além da banda desenhada, publicou uma entrevista, a primeira do Quino em Portugal, que fez comigo. E isso foi fantástico. Quem levou a "Rosa, minha irmã Rosa", em 1979, para o Brasil, para ser editado, foi o Pedro Bloch. As pessoas que conhecemos fazem de nós o que nós somos.
García Márquez: o arquivo do anti-imperialista vai para os Estados Unidos
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/garcia-marquez-o-arquivo-do-antiimperialista-vai-para-os-estados-unidos-1677311Durante décadas, mesmo depois da onda de celebridade internacional que se seguiu a Cem Anos de Solidão, o Nobel colombiano Gabriel García Márquez esteve proibido de entrar nos Estados Unidos. No entanto, será nos Estados Unidos que ficará o seu arquivo pessoal - foi adquirido à família do escritor pelo Harry Ransom Center da Universidade do Texas, fez saber esta segunda-feira o New York Times. Reunindo manuscritos, blocos de notas, fotografias, correspondência e objectos pessoais, o arquivo de García Márquez, que morreu em Abril aos 87 anos, tem material relacionado com todas as suas obras importantes, incluindo a versão final de Cem Anos de Solidão (1967), dactilografada, que o escritor enviou à editora com uma nota de cabeçalho, e uma cópia de En Agosto nos vemos, o romance em que o escritor estava a trabalhar há dez anos e que deixou por concluir, sendo parcialmente publicado na revista norte-americana The New Yorker e no jornal colombiano La Vanguardia. Entre os objectos pessoais do escritor que vão para o Texas estão duas máquinas de escrever Smith Corona e cinco computadores Apple. E entre as cerca de duas mil cartas do arquivo estão exemplares de trocas com os escritores Graham Greene, Milan Kundera, Julio Cortázar, Günter Grass e Carlos Fuentes. Nos cerca de 40 álbuns fotográficos estão os poucos materiais ligados às actividades políticas do Nobel nascido na Colombia mas exilado no México desde a década de 1960, quando se viu obrigado a deixar Nova Iorque, onde era correspondente internacional, devido à sua defesa pública do regime cubano de Fidel Castro. Gabo, como era carinhosamente conhecido na América Latina, preferia tratar de política em pessoa ou por telefone. Mesmo assim, o arquivo contém uma carta em que o escritor recusa uma entrevista com a edição espanhola da Life explicando não querer dar com a sua presença a falsa ideia de a revista ser aberta a ideais de esquerda. Há também notas de uma visita em 1998 à Casa Branca, quando perguntou a Bill Clinton se tinha consultores que não fossem "fanaticamente anti-Castro". Dadas as suas persistentes críticas ao imperialismo americano, não deixa de ser irónico que o seu arquivo acabe por ir parar aos Estados Unidos. Nos álbuns fotográficos fica também a crónica da vida do escritor, a começar na Colômbia rural da sua família. Esta segunda-feira, nem o New York Times nem o diário espanhol El País avançavam um valor para a aquisição do espólio, negociada com a família do escritor. Ambas as publicações explicavam apenas que o Harry Ransom Center é um dos mais importantes arquivos literários do mundo, guardando os espólios de nomes tão fundamentais como James Joyce, Ernest Hemingway, William Faulkner e Jorge Luis Borges - entre 36 milhões de manuscritos, um milhão de livros raros, cinco milhões de fotografias e 100 mil obras de arte. Assim mesmo, o anúncio da venda começou já a provocar polémica na Colômbia. "É uma pena", disse a ministra da Cultura, Mariana Garcés, citada pelo El País. No entanto, Gonzalo García, um dos dois filhos do escritor, terá dito num programa de rádio que "o Governo colombiano nunca se fez presente nem nunca fez qualquer oferta" - a família tomou a sua decisão porque queria que o espólio de García Márquez estivesse "bem acompanhado". "É muito apropriado que García Márquez se junte às nossas colecções. É difícil pensar num romancista de impacto tão abrangente", disse à imprensa Steve Ennis, o director do Harry Ransom Center. Segundo o New York Times (NYT), o maior interesse para investigadores poderá residir nos manuscritos dos livros que se seguiram a Cem Anos de Solidão. O espólio, disse ao mesmo jornal Jose Montelongo, um especialista em literatura latino-americana, "é como uma janela aberta sobre o laboratório de um alquimista de renome que nem sempre gostava que as receitas das suas poções fossem conhecidas. Montelongo, que está ligado à Universidade do Texas, visitou a casa de García Márquez na Cidade do México em Julho, com Steve Ennis, para avaliar os materiais contidos no arquivo. "Mostram as fraquezas, as versões descartadas, as palavras eliminadas. Vê-se de facto a luta da criação." Nada que García Márquez encarasse com leveza - o NYT recorda como o Nobel expressou por diversas vezes preocupação ante a perspectiva de ter académicos a olhar para as pistas deixadas para trás e recupera uma citação de 1983 numa entrevista na revista Playboy: "É como ser apanhado em roupa interior."
Urban Sketchers: Quando os desenhos são mais reais do que as fotografias
http://www.publico.pt/local/noticia/urban-sketchers-quando-os-desenhos-sao-mais-reais-do-que-as-fotografias-1678001O Porto pode ler-se a pinceladas finas ou a traços grossos, de forma monocromática ou inundado de cor. Cada desenho é uma impressão pessoal e a partilha é o mais importante de tudo. Várias ruas do Porto foram alvo da atenção dos desenhadores que participaram neste encontro. Ana Luísa Frazão levantou-se às seis da manhã, num domingo em que o sol demorou a mostrar-se, para chegar cedo ao quarto encontro organizado pela Comunidade Urban Sketchers Portugal Norte. Veio de São Martinho do Porto, e antes de estar às 10h, no ponto de encontro junto ao mercado do Bolhão, no Porto, já tinha duas imagens no seu diário gráfico. A chávena de café que lhe serviram na Confeitaria do Bolhão e uma colagem - "Às vezes nem chego a desenhar, as colagens e as cores fazem tudo", explica - a ilustrar a em.....
Novos achados no Vale do Côa terão mais de 30 mil anos, anteriores às gravuras rupestres
http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=4268767Arqueólogos do Vale do Côa admitiram hoje pela primeira vez terem descoberto ao longo do ano novos sítios cuja data pode ir até ao Paleolítico Médio, disse à Lusa o diretor do Parque Arqueológico do Côa, Martinho Batista. Segundo o também arqueólogo, a campanha de sondagem e prospeção revelou achados do "período grafetense", com cerca de 30 mil anos, e provavelmente com níveis de ocupação até anteriores, o que será depois apurado com novas escavações agendadas para 2015. O anúncio foi feito numa altura em que assinalam 20 anos sobre as primeiras descobertas da Arte do Côa e os 16 anos da sua classificação como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). "Retomámos alguns trabalhos arqueológicos que é fundamental manter e mantemos equipas de técnicos em permanência no terreno e no sítio da Cardina, onde foram feitas duas campanhas de prospeção arqueológica, o que revelou um fundo de cabana idêntico aos raríssimos que há em toda a Europa", descreveu. A confirmar-se, a descoberta poderá provar que o Vale do Côa já era ocupado antes do período das gravuras rupestres, um dado "muito importante".
Mercados de Natal no Porto para (quase) todos os gostos
http://www.publico.pt/local/noticia/mercados-de-natal-no-porto-para-quase-todos-os-gostos-1677967Uns exibem a assinatura da criatividade outros a etiqueta do solidário. A verdade é que não faltam eventos no Porto, de rua ou nem por isso, a convidar às compras para a época do Natal. Ainda não são como os mercados de Natal que povoam o imaginário de muitos, e que justificam algumas viagens para as cidades no centro da Europa. Mas já não falta quase nada para que a animação nos mais concorridos espaços da cidade do Porto - públicos e privados, ao ar livre ou nem por isso - justifique um roteiro para estes eventos que convidam à compra, à degustação e ao convívio.
No Coliseu do Porto-SalãoÀtico
http://www.coliseudoporto.pt/index.php?option=com_eventlist&view=details&id=964:mercado-mini-marketO Mini Market, vai estar no Coliseu do Porto, dia 06/12/2014 das 10.00h às 19.00h. No MiniMarket- Edição de Natal, vão estar presentes várias marcas de roupa infantil, de senhora, bijuteria, acessórios, doçaria e muito mais... No dia 6 de Dezembro vai ser possível fazerem as vossas compras de Natal, pois os artigos vão desde roupa a chocolates, velas aromáticas, brinquedos, bolachas, tudo artigos portugueses feitos com muita qualidade e dedicação. Vamos ter várias atividades para crianças, pinturas de barriga, pipocas, modelagem de balões e muita animação.
O Mini Market vai apoiar a causa do Joãozinho-Hospital Pediátrico S.João. Morada: Rua Passos Manuel, 137. 4000-385 Porto Para mais informações: * E-mail: minimarket@outlook.pt * Página:
https://www.facebook.com/pages/Mini-Market/511616395610750 Preço: Entrada Gratuita
Por aqui me fico, com a promessa de voltar para a semana! Até breve!