Em cada um reside a fonte da partilha, e seja ela um dom ou não, deixa-me semear no teu ser o prazer da Música. Ela tem inspirado o Homem no revelar o seu pensamento, o interpretar e sentir o Universo ao longo de milénios. Bem vindo!
25 de Janeiro de 2016

“GOTINHAS… CULTURAIS…”

“A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação.” Fernando Pessoa

A não perder! Aqui algumas sugestões culturais a lá dar um salto. ;)

Casa da Música – Porto

Da Rússia, com amor (19€)

Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música - [29/01/2016 - sexta-feira | 21:00 | Sala Suggia] - Clássica A história de amor entre Russlan e Ludmila, contada na grande ópera de Glinka, teve origem num poema de Alexander Pushkin. A sua abertura é um verdadeiro tour de force pelo virtuosismo exigido às cordas e tornou-se num dos trechos sinfónicos mais célebres da música russa. Extremamente melodiosa, a abertura deixa antever o lado mais aventuroso da história e o seu final festivo. Na 5ª Sinfonia, um dos maiores sucessos da carreira de Prokofieff e que marca o início da integral que a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música apresenta em 2016, o compositor utilizou muitos materiais esboçados para o seu bailado Romeu e Julieta. O programa culmina com a sinfonia mais conhecida e celebrada do mundo, a 5ª de Beethoven.

Saber mais! http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/01/29-janeiro-2016-orquestra-sinfonica-do-porto-casa-da-musica/43166/?lang=pt

A 5ª de Prokofieff (7,5€)

Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música | Concerto comentado - [31/01/2016 - domingo | 12:00 | Sala Suggia] - Clássica - Concerto comentado Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música Kirill Karabits direcção musical Concerto comentado por Daniel Moreira Programa: Sergei Prokofieff Sinfonia nº 5 em Si bemol maior, op.100 A Quinta Sinfonia foi escrita no final da Segunda Grande Guerra e parece vislumbrar a vitória do Exército Vermelho sobre as tropas nazis que se verificou precisamente no dia da estreia. Plena de sentido épico, é a mais famosa das sete sinfonias de Prokofieff. Na introdução ao concerto ficaremos a conhecer melhor a razão de tal sucesso, percorrendo com os comentários e os exemplos da orquestra os momentos mais determinantes da sinfonia.

Saber mais! http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/01/31-janeiro-2016-concerto-comentado-orquestra-sinfonica-do-porto-casa-da-musica/43167/?lang=pt

Concerto de Carnaval (15€)

Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música - [07/02/2016 - domingo | 18:00 | Sala Suggia] - Clássica Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música José Eduardo Gomes direcção musical Programa: Alexander Glazunov Abertura Carnaval Nikolai Rimski-Korsakoff Capricho Espanhol, op.34 Robert Schumann (orq. Maurice Ravel) Carnaval op.9 (Préambule, Valse Allemande, Paganini, Marche des Davidsbündler contre les Philistins) Piotr Ilyich Tchaikovski Abertura 1812 Um concerto de Carnaval ao melhor estilo clássico e num tom particularmente festivo leva-nos ao encontro dos grandes orquestradores russos que foram Tchaikovski, Glazunov e Rimski-Korsakoff. A temática do baile de máscaras domina o programa com a fabulosa orquestração do grandioso Carnaval opus 9 de Schumann, obra onde desfilam Pierrot, Arlequin e Colombine, personagens da commedia dell’arte, e onde se dançam insinuantes valsas. Compositores como Paganini visitam este baile de Carnaval mascarados a rigor pela mestria com que Schumann os retratou.

Saber mais! http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/02/07-fevereiro-2016-orquestra-sinfonica-do-porto-casa-da-musica/43170/?lang=pt

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Ora, bora lá às notícias! Estas e outras tantas que passaram…

Concerto de Cante Alentejano pela primeira vez em Madrid http://www.dn.pt/artes/interior/concerto-de-cante-alentejano-pela-primeira-vez-em-madrid-4996295.html

“Grupos dos concelhos de Serpa e Castro Verde vão estar em Madrid em fevereiro, no Teatro do Círculo de Bellas Artes O cante alentejano far-se-á ouvir pela primeira vez em Madrid, no dia 13 de fevereiro no Teatro do Círculo de Bellas Artes, com os cantadores de Vila Nova de São Bento e Os Ganhões de Castro Verde. Além dos grupos dos concelhos de Serpa e Castro Verde, "estará igualmente presente um instrumento muito associado ao cante, a viola campaniça, interpretada pelos Moços D`uma Cana", disse à Lusa fonte da organização. (…)”

Mini-Stars, Onda Choc e outros miúdos que cantam! http://observador.pt/2016/01/20/ministars-onda-choc-outros-miudos-cantam/

“Ainda andavam na escola, mas já editavam discos. Os membros das bandas juvenis que fizeram sucesso nos anos 80 tornaram-se estrelas só que não enriqueceram - recebiam em géneros. As bandas infanto-juvenis são geralmente menosprezadas, mas a verdade é que as músicas da nossa infância são formativas e nunca mais nos esquecemos do que ouvimos naquele período da nossa vida. Muitos músicos justificam o facto de cantarem em inglês porque essa é a música com que cresceram. Já diziam os Ministars: “Se tu gostas daquelas cantigas que vês nos tops e clips da TV e ainda não sabes ler em inglês — então canta em português. Aquelas letras não te dizem nada e uma canção não é só melodia. Há outra coisa, há poesia — então canta em português. (…) Se te disserem que é o que está na berra e agora a moda é cantar inglês, manda-os à fava pois na nossa terra o que se fala é o português”. A maioria das músicas destas bandas eram sucessos de versões internacionais com uma letra nova em português, mas também há muitas originais. A partir de 1986, depois da decadência do boom do rock português, atacaram as tabelas e tornaram-se célebres. Os membros destas bandas viviam uma vida paralela entre a escola e ensaios ou concertos, numa carreira que não lhes era propriamente lucrativa. Na sua maioria, recebiam em géneros: discos, roupa ou instrumentos musicais. A verdade é que quase metade dos conjuntos musicais portugueses formados por crianças surgem do casamento de Ana Faria e Heduíno Gomes. Uma relação que, para além de afectiva, se demonstrou bastante produtiva musicalmente, com os três filhos também em muitos dos seus projectos. Porque é que eles acharam que as bandas com crianças eram melhores do que as bandas com adultos? Não sabemos. Queijinhos Frescos (…)”

Literatura - Miguel Torga integrou a lista de candidatos ao Nobel - Artes - DN http://www.dn.pt/artes/interior/miguel-torga-integrou-a-lista-de-candidatos-ao-nobel-4970078.html

“O escritor português integrou em 1965 a lista de autores propostos para o Prémio Nobel da Literatura, segundo a acta divulgada pela Academia Sueca Os nomes propostos ao Nobel da Literatura são mantidos habitualmente em segredo durante 50 anos. Esta semana, a Academia Sueca tornou pública a lista de escritores candidatos de 1965 e nela figura o nome de Miguel Torga, embora o galardão tenha sido atribuído a Mikhail Sholokov. De acordo com os arquivos da Academia - que permitem pesquisas apenas até 1963 - o nome de Miguel Torga foi proposto por cinco vezes entre 1959 e 1962. Sabe-se agora que também integrou a lista de 1965, sob proposta do professor Goran Hammarstrom, da universidade de Upsala. Da biografia de Miguel Torga consta que em 1978 foi feita nova proposta de atribuição do Nobel por ocasião dos 50 anos de carreira literária do autor. Miguel Torga, pseudónimo do escritor e médico Adolfo Correio da Rocha, é considerado um dos nomes maiores da literatura portuguesa, autor de obras como "Cântido do Homem" (poesia) e "A criação do mundo" (prosa). O escritor morreu aos 87 anos em 1995, três anos antes de José Saramago ter sido distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, o único nome das letras portuguesas a receber o galardão. (…)”

Textos inéditos de Fernando Pessoa encontrados na África do Sul http://www.noticiasaominuto.com/cultura/521352/textos-ineditos-de-fernando-pessoa-encontrados-na-africa-do-sul

“O conjunto de dois mil documentos apareceu no mês de julho numa garagem da casa onde o poeta viveu na infância. Contudo, o surgimento de textos que se acredita serem inéditos foi tratado com descrição e só agora foi divulgado, segundo o jornal brasileiro Folha de S. Paulo. A caixa está agora no Centro de Estudos da Literatura Portuguesa da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, cuja revista Pessoa Plural divulga alguns pormenores. Uma carta ao meio irmão John datada de 28 de fevereiro de 1934, que não faz parte do espólio da família nem na Biblioteca Nacional, leva a crer que haverá, entre os documentos encontrados, alguns textos inéditos. Há ainda referência ao livro inédito ‘The Poet of Many Faces’, que compila poemas em inglês de Pessoa, reunidos por Hubert Jennings, um dos primeiros a elaborar a sua biografia. Estima-se que o inventário da caixa esteja concluído dentro de um ano.”

Vergílio Ferreira: um mestre sem discípulos https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/vergilio-ferreira-um-mestre-sem-discipulos-1721196

“O autor de Aparição e Para Sempre faria cem anos no dia 28. Trouxe para Portugal o romance de ideias, à Malraux, mas deu-lhe, nos seus melhores livros, uma densidade emocional e uma dimensão lírica que são só suas. Não deixou herdeiros na ficção portuguesa. PUB Autor de uma das obras ficcionais mais importantes e singulares do século XX português, mas também notável ensaísta e diarista, Vergílio Ferreira completaria na próxima quinta-feira, dia 28 de Janeiro, cem anos. Pretexto para dois colóquios internacionais, o primeiro organizado pela Universidade de Évora (29 de Fevereiro a 2 de Março), e o segundo pela Faculdade de Letras do Porto e pela Câmara de Gouveia (18 a 21 de Maio), que irão retomar a discussão de uma obra que continua a ser bastante lida, a julgar pelas razoáveis vendas das reedições dos seus títulos, mas que anda um pouco desaparecida desse espaço público no qual o homenageado, que foi também um polemista temível, sempre fez questão de intervir. A assinalar o dia do centenário, na quinta-feira, a Quetzal, do grupo Porto Editora, lança na Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, em Gouveia, terra natal do escritor, reedições de dois romances há muito esgotados: O Caminho Fica Longe (1943), seu livro de estreia, e Rápida, a Sombra (1964). Do primeiro será ainda apresentada uma edição crítico-genética em e-book, organizada por Ana Isabel Turíbio e prefaciada por Helder Godinho, membros da equipa que tem vindo a trabalhar o gigantesco espólio do autor conservado na Biblioteca Nacional (BN). Na mesma sessão, adianta o editor Francisco José Viegas, a Quetzal lançará uma edição digital reunindo os cinco volumes de ensaios Espaço do Invisível. As comemorações em Gouveia incluem ainda, no dia 29, a reposição do busto de Vergílio Ferreira na Praça de São Pedro, o lançamento de um selo evocativo do centenário e a inauguração, no Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta, da exposição Vergílio Ferreira: Os caminhos da escrita ou o fascínio da arte, organizada com a colaboração da Biblioteca Nacional. Para o final da Primavera, Viegas prevê reeditar o romance Cântico Final (1960) e o ensaio Sobre o Humorismo de Eça de Queirós (1943), este último apenas em e-book. E quer fechar o ano com a reedição do segundo romance do autor, Onde Tudo Foi Morrendo (1944), cuja edição crítica está também a ser preparada pela equipa do espólio, à qual se deve já a publicação de várias obras que Vergílio Ferreira deixara na gaveta, como um Diário Inédito dos anos 40, um romance de 1947, A Promessa, e a primeira novela que escreveu, em 1938: A Curva de Uma Vida. O objectivo “é procurar que toda a obra esteja disponível”, diz o editor, que já fez acordos com as livrarias Bertrand e Fnac para tentar assegurar que, pelo menos ao longo de 2016, terão nas estantes todos os livros de Vergílio Ferreira. E não são poucos: 19 romances, vários livros de contos, uma dúzia de obras ensaísticas, o diário Conta-Corrente, cujas duas séries somam nove volumes, e alguns livros de catalogação menos óbvia, como Pensar (1992) ou o póstumo Escrever (2001).”

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No “Pergaminho” desta semana…

A nossa Memória consegue guardar a totalidade da Internet http://pplware.sapo.pt/informacao/a-nossa-memoria-consegue-guardar-a-totalidade-da-internet/

“Sempre ouvimos dizer que um dos maiores enigmas do corpo humano residia no cérebro. Na verdade, os cientistas dizem agora que a capacidade de memória do nosso cérebro pode ser 10 vezes maior do que se acreditava anteriormente, isto depois de perceberem o tamanho e a extensão nas nossas ligações neuronais. A título de curiosidade, os cientistas acreditam que na nossa memória cabe toda a informação que aloja hoje a Internet. Cérebro humano com 10 vezes mais memória O trabalho está a fornecer respostas a perguntas sobre como o cérebro consegue ser tão eficiente em termos energéticos, necessitando apenas de uma quantidade de energia baixa, mas ainda assim com uma extraordinária capacidade de computação, como referem os investigadores do Instituto Salk, em La Jolla, Califórnia. Esta é uma verdadeira bomba no campo da neurociência. As nossas novas medições da capacidade da memória do cérebro aumentam as estimativas conservadoras num factor de 10, ascendendo pelo menos a um petabyte, no mesmo patamar que a World Wide Web. Referiu Terry Sejnowski no Instituto Salk para Estudos Biológicos. Os padrões de actividade eléctrica e química são métodos do cérebro para armazenar os pensamentos e as memórias, são uma parte fundamental do que acontece nos pontos onde as ramificações dos neurónios interagem nos cruzamentos conhecidos como Sinapses. A importância do tamanho da Sinapse As substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores, produzidas pelos neurónios e que agem nas sinapses, são um ponto de junção do neurónio com outras células, explicam os investigadores, notando que cada neurónio pode ter milhares de sinapses que se ligam com milhares de outros neurónios.

O tamanho de uma sinapse é importante, dizem os investigadores. Quanto maior ele for, maior é a probabilidade de sucesso quando enviar um sinal para um neurónio vizinho. Os investigadores fizeram ainda uma descoberta chave: as sinapses podem variar de tamanho em incrementos tão pequenos de cerca de 8%, sugerindo poder existir 26 categorias de tamanho de sinapses, e não apenas algumas, poucas, como se acreditava até há pouco tempo. Essa complexidade inesperada nas categorias da sinapse significa que a capacidade de memória potencial do cérebro é muito maior do que se pensava, segundo dizem os responsáveis por esta investigação. As implicações do que encontramos são de grande alcance. Sob o aparente caos e confusão do cérebro há uma precisão subjacente no tamanho e nas formas das sinapses que estava escondida de nós. Referiu Sejnowski. Os Investigadores fizeram esta descoberta ao analisar os neurónios do hipocampo – o centro da memória – de cérebros de ratos para estimar a capacidade de armazenamento das sinapses. Cada sinapse, em média, pode armazenar cerca de 4,7 bits de informação. Assim, escalando do cérebro de um rato até ao cérebro de um ser humano, o estudo sugere que a capacidade de armazenamento da memória de um humano rondará um petabyte. São 1,000,000,000,000,000 bytes, e quer isto dizer que são 10 vezes mais informação possível de armazenar que o que anteriormente se imaginava possível, como pode ser lido no relatório no jornal eLive. pplware_sinapes01 Descoberta poderá revolucionar a concepção dos computadores Os investigadores sugerem que as suas descobertas poderiam levar a melhores formas de conceber os computadores, a criação de máquinas mais precisas, ultra-eficientes em termos energéticos e baseadas na aprendizagem profunda dos princípios de redes neuronais. Partindo como base o nosso cérebro, poderá o homem criar um computador perfeito, visto haver agora mais certezas que o nosso cérebro afinal ainda é a “máquina” mais perfeita que existe.”

Ao virar da página

Serralves e os Jardins do Palácio http://www.porto.pt/noticias/serralves-e-os-jardins-do-palacio

“No âmbito da celebração dos 150 Anos dos Jardins do Palácio de Cristal (1865-2015) a Fundação de Serralves, em parceria com a Câmara do Porto, realiza nos próximos dias 1 e 2 de fevereiro, a conferência "Exposições internacionais, entre o jardim e a paisagem urbana: Do Palácio de Cristal do Porto (1865) à Exposição de Paris (1937)". Comissariada por Teresa Marques, a conferência pretende abordar o contributo das exposições internacionais para o desenho e construção do espaço exterior, da escala do jardim à escala da cidade, tomando como ponto de partida os jardins do Palácio de Cristal do Porto, inaugurados há 150 anos para receber a Exposição Internacional de 1865. A abordagem termina com a Exposição Internacional de Paris de 1937, planeada por Jacques Gréber, autor do projeto para o Parque de Serralves, espaço de incontornável interesse paisagístico e de importância central na vida contemporânea do Porto e do país. A conferência dirige-se a profissionais, investigadores e estudantes ligados ao desenho das cidades e dos jardins e ao público em geral, interessado na história do Porto e de Serralves. +Info e inscrições: Fundação de Serralves”

«Que sais-je?: Serralves apresenta exposição de livros de artista | Cultura | Diário Digital http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=807147

“«Que sais-je?» é a enciclopédia de bolso mais famosa do mundo. Fundada em 1941, esta colecção de livros destina-se a apresentar ao grande público uma vasta diversidade de áreas. Desde que foi criada em 1941 publicou 3.800 títulos de 2.500 autores. A Biblioteca do Museu de Serralves tem patente de 16 de Janeiro a 22 de Maio a exposição de livros de artista, comissariada por Ricardo Nicolau. Numa altura em que os modelos de escolas e academias são cada vez mais usados por artistas e curadores, e em que um número crescente de exposições integra formatos pedagógicos como ateliês, seminários e conferências, a exposição «Que sais-je?» permite reconhecer as formas como as edições de artista sempre apresentaram visões alternativas de “transmissão de conhecimento”. Os artistas que figuram nesta exposição, todos representados na Colecção de Livros e Edições de Artista de Serralves, questionam a relação entre as suas actividades e diferentes modelos de divulgação do conhecimento, como se pode ver no modo como parodiam dicionários, enciclopédias e métodos de ensino ou destroem deliberadamente a informação transmitida por revistas e jornais. Os artistas produzem publicações mas não estão preocupados com a possibilidade de elas serem ou não imediatamente compreendidas. O que os motiva é uma forma diferente de gerar ideias e pensar os territórios intelectuais com os quais estamos familiarizados.

A exposição apresenta mais de 30 livros e edições de artista produzidos entre os anos 1960 e a actualidade por 24 artistas: Pedro Barateiro, André Romão e Ricardo Valentim, John Bock, Alighiero e Boetti, Marcel Broodthaers, Stanley Brouwn, Paulo Bruscky, Ernst Caramelle, Isabel Carvalho e Pedro Nora, Claude Closky, Tacita Dean, Hans-Peter Feldmann, Robert Filliou, Dayana Lucas, Charlotte Moth, Bruno Munari, Paulina Olowska, Dieter Roth, Allan Ruppersberg, Richard Tuttle e Ben Vautier.”

Visitas Guiadas pela História do Porto com Joel Cleto http://noticias.up.pt/visitas-guiadas-pela-historia-do-porto-na-companhia-de-joel-cleto/

“A Ribeira do Porto será um dos locais de passagem da iniciativa. (Foto: DR) Um percurso pela “identidade tripeira”, pelas “margens da Ribeira de Lordelo” e do morro da Vitória à Judiaria são algumas das propostas. E a história de amor associada à Ilha do Frade… Quem conhece? De 30 de janeiro a 13 de novembro, a Universidade do Porto propõe mais um ciclo de Visitas Guiadas pela História do Porto. A conduzi-las estará Joel Cleto, historiador e mestre pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). Ao todos são seis visitas guiadas e a primeira, “Um percurso pela identidade tripeira – Da Praça da Liberdade à Ribeira”, arranca já dia 30 de janeiro, às 10h00. Em março a proposta vai levar os participantes do morro da Vitória até à judiaria e da Ribeira ao edifício da Reitoria; já em maio, será a vez de andar pela zona da Pasteleira e seguir até à Ilha do Frade, uma pequena ilha, no Rio Douro. Para quem não conhece, esta é uma boa oportunidade para descobrir os meandros da história de um enamoramento que ficou na memória da cidade. A sessão realiza-se no âmbito do Curso Geral de Gestão da Porto Business School. As visitas serão orientadas pelo historiador e antigo estudante da U.Porto Joel Cleto. (Foto: Egídio Santos / U.Porto) Em junho a aventura faz-se de passadiços pela zona da Boa Nova. Em setembro, a Casa do Infante vai ser pretexto para associar o Porto à Expansão portuguesa. Por fim, dia 13 de novembro, por alturas da castanha e do magusto, vai falar-se de S. Martinho e de Cedofeita seguir-se-á viagem até à Torre de Pedro Sem, com passagem pelo Palácio de Cristal. Resumindo, as visitas realizam-se dias 30 de janeiro, 18 de março, 15 de maio, 18 de junho, 10 de setembro e 13 de novembro. Arrancam sempre às 10h00 e têm um custo de 9 euros, com 10% de desconto para a U.Porto. Mais informações e inscrições através do e-mail cultura@reit.up.pt ou do telefone 220 408 195.”

Por aqui me fico… e claro, com o desejo de um fantástico ano de 2016!  Até ao próximo click!
publicado por Musikes às 13:06 link do post
18 de Janeiro de 2016

“GOTINHAS… CULTURAIS…”

“A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação.” Fernando Pessoa

A não perder! Aqui algumas sugestões culturais a lá dar um salto. ;)

Casa da Música – Porto

Trompas Lusas (8€)

Saber mais? http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/01/26-janeiro-2016-trompas-lusas/43267/?lang=pt

Fim de Tarde | Música de Câmara - [26/01/2016 - terça-feira | 19:30 | Sala 2] - Clássica Fundado em 2010, o quarteto Trompas Lusas tem-se apresentado regularmente em várias cidades de Portugal, Espanha, Alemanha e Inglaterra. Orienta também masterclasses e organiza o seu próprio festival. Com um repertório amplo e variado, incluindo a música de caça, barroca, clássica, música contemporânea e popular, dá especial atenção à execução de obras com trompas naturais. Em 2012 foi lançado o seu álbum de estreia, com obras do repertório mais tradicional para a formação assim como estreias mundiais, tendo recebido excelentes críticas.

Carnaval na Casa (7,5€)

Saber mais? http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/01/30-janeiro-2016-carnaval-na-casa/43585/?lang=pt

Workshop Músico Por Um Dia [30/01/2016 - sábado | 11:00 | Sala Ensaio 2] - Workshops ( Famílias (maiores de 12 anos), Público Geral ) Joaquim Alves e Luís Oliveira formadores Misturam-se os hemisférios e ganha o calor. O degelo acontece num Carnaval que vai beber a fontes tropicais. Batuques, pandeiros e outros instrumentos chamam sambas, chorinhos, o funk. Infiltram-se as modas de cá. Entre países, o pé bate, o coração acelera e o ritmo é sempr’àbrir!

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Ora, bora lá às notícias! Estas e outras tantas que passaram…

Playlist. 50 das músicas mais poderosas a cappella http://observador.pt/2016/01/15/playlist-50-das-musicas-poderosas-cappella/

“Dá para todos os gostos: fomos em busca das versões a cappella de algumas das vozes mais poderosas dos últimos anos. E encontrámos canções surpreendentes. Oiça 50 delas nesta lista no YouTube. Primeiro ficámos enfeitiçados com a voz poderosa, sem música, a capella, de Freddie Mercury a cantar “We Are The Champions”. Já a sabíamos surpreendente, mas nunca é demais relembrá-la longe do som dos instrumentos. Com a morte de David Bowie a abalar a atualidade, a Internet brindou-nos com uma versão desconhecida de “Under Pressure” com a fusão das vozes do vocalista dos Queen e do “camaleão do rock” numa noite de vinho e droga que resultou numa canção memorável. E agora, o Observador decidiu não ficar por aqui: são muitas as versões a cappella de algumas das vozes mais marcantes para as últimas gerações que vão abrilhantando o YouTube. Desde Marvin Gaye, cuja voz viajou no tempo desde os anos sessenta, até ao timbre incomparável de Sia, passámos pelas vozes puras de Kurt Cobain, Elvis Presley, Steven Tyler e até Eminem. Há músicas mais comerciais e outras mais elitistas nesta lista. Mas em todas sobressai a qualidade que nos embala os ouvidos. Ponha os auriculares, aumente o volume e aprecie 50 das músicas mais poderosas a cappella.”

E agora é só lá dar um saltito, e zás! É só desfrutar do belo prazer musical. Boas audições! ;)

Projecto português de alunos que inspiram docentes chega ao Fórum Económico Mundial https://www.publico.pt/sociedade/noticia/projecto-portugues-de-alunos-que-inspiram-docentes-chega-ao-forum-economico-mundial-1720539

“Alunos que inspiram professores revelando-lhes a sua influência e importância para o sucesso escolar é a ideia-chave do projecto de Afonso Reis que, na próxima semana, vai representar Portugal no Fórum Económico Mundial (FEM). O projecto "Inspira o teu Professor" começou a ser aplicado em 2015 em algumas escolas portuguesas e neste ano poderá chegar a vários pontos do mundo, com a divulgação da iniciativa na rede do encontro que decorre entre 20 e 23 de Janeiro em Davos. Consciente da importância dos professores para o sucesso escolar dos alunos e do pouco reconhecimento social que têm, o jovem economista, docente na Universidade Nova de Lisboa, decidiu pedir ajuda aos alunos para conseguir reforçar o reconhecimento e missão social dos professores. Através de acções de 90 minutos, os estudantes descobrem a importância dos professores através de perguntas tão simples como "Quantas horas passas com a tua família e quantas passas com os teus professores?", contou à Lusa o especialista. "Os alunos rapidamente se começam a aperceber que os professores os influenciam bastante. Depois desafiamo-los a fazer conteúdos para inspirar professores, pedindo-lhes que nos digam "cinco razões para um professor sair da cama" ou "cinco razões que tornam uma aula espectacular", explicou. (…)”

Durante 50 anos Bowie foi um espelho único do seu tempo http://www.dn.pt/artes/interior/durante-50-anos-bowie-foi-um-espelho-unico-do-seu-tempo-4976629.html

“Através das várias mudanças que o artista foi encetando podemos também traçar um possível caminho da história da música popular das últimas cinco décadas. Da imersão pela liberdade jazzística do último Blackstar (2016) aos primeiros singles ainda editados como Davie Jones, em meados dos anos 1960, David Bowie nunca deixou de dialogar com a música do seu tempo, mas, ao contrário dos camaleões, fê-lo destacando-se nessa sede de mudança. Depois de em 1962 se passear de saxofone na mão como um dos membros dos Kon-Rads, 64 foi o ano em que lançou o seu primeiro single, Liza Jane, ainda como Davie Jones, que espelhava a cultura mod de então. É certo que não foi este Bowie que ficou para a história, mas é interessante perceber como desde muito cedo foi refletindo em si as convulsões que o rodeavam, mesmo que o tenha feito com um cunho pessoal que só poderia ser dele. (…)”

Lello. A livraria mais bela do mundo faz (13/01/2016) 110 anos http://observador.pt/especiais/lello-livraria-bela-do-mundo-110-anos/

“Que ninguém diga que o 13 é um número de azar. A 13 de janeiro de 1906 inaugurava-se a Livraria Lello. Viagem ao passado, presente e futuro de um "templo às artes" com uma escadaria hipnotizante.

José e António Lello eram dois irmãos cultos, bem-sucedidos e habituados a erguer bons negócios. Mas era impossível prever que a Livraria Lello & Irmão, que os dois inauguraram a 13 de janeiro de 1906, seria hoje uma das principais atrações dos milhões de turistas que todos os anos visitam o Porto. Para começar, se alguém lhes tivesse dito que só em 2014 passariam pela cidade mais de dois milhões de turistas — muitos deles chegados numa novidade tecnológica chamada avião — José e António Lello teriam levantado os olhos com desconfiança, pensando tratar-se de alguma invasão hostil. Provavelmente, também ficariam espantados ao saberem que existe um meio de comunicação chamado Internet que permite a gente de todos os pontos do planeta a possibilidade de verem fotografias da livraria que eles construíram. E de se maravilharem com ela. E de, quando decidem viajar até Portugal, fazerem o desvio até ao número 144 da Rua das Carmelitas para poderem percorrer a sala cheia de livros e de bustos (da autoria do escultor Romão Júnior) com alguns dos mais importantes escritores portugueses, como Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Guerra Junqueiro ou Tomás Ribeiro. Hoje, quem entra também pode ver os bustos de António Lello, à direita, e de José Lello, à esquerda, adicionados em 1981. (…)”

O "Porto Republicano" para descobrir numa dezena de percursos culturais http://www.porto.pt/noticias/o-porto-republicano-para-descobrir-nuam-dezena-de-percursos-culturais-

“Nos meses de janeiro, fevereiro e março, são dez os Percursos Culturais que Câmara do Porto propõe à cidade, dedicados ao tema "Porto Republicano". A primeira metade do século XX, marcada por duas guerras mundiais, apresenta como consequência grandes alterações de carácter político, económico, social e cultural. Depois da fase instável da I República, onde as obras são caracteristicamente clássicas, surge um Estado centralizador com novos conceitos históricos, artísticos, de conservação e restauro de monumentos, que alteram incondicionalmente a vivência e o aspeto geral da cidade. Sobre os escombros de antigos monumentos, surge um novo centro económico e administrativo, novas vias de comunicação. Estas mudanças não abandonam completamente a visão artística clássica, antes acrescentam-lhe uma preocupação de conjugar o modernismo internacional com o nacionalismo. O programa é orientado por técnicos municipais e acontecem desde meados de 2013, servindo para divulgar o património cultural da cidade. Inicialmente os percursos foram direcionados para a área do Centro Histórico do Porto, classificado desde 1996 como Património Cultural da Humanidade, alargando-se em cada trimestre a outros espaços, propondo visitas a ruas e arquiteturas da invicta. A programação é trimestral e sempre subordinada a um tema. +Info: Para participar basta adquirir bilhete nos locais de venda habituais - Postos do Turismo, Museus, Biblioteca Pública e Rivoli, ou aceder à compra em www.bilheteiraonline.pt.”

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No “Pergaminho” desta semana…

Como educar os jovens? 5 conselhos de Einstein http://observador.pt/2015/11/30/como-educar-os-jovens-5-conselhos-de-einstein/

“Para os professores na escola, e para os pais em casa, educar crianças pode ser um desafio. Na sua vida, Albert Einstein refletiu muito sobre o tema da educação: eis os seus conselhos. Albert Einstein não foi apenas um homem da ciência e da matemática: o autor da teoria da relatividade, eleito pela revista norte-americana Time como o homem mais importante do século XX, refletiu bastante sobre a educação durante a sua vida. Como educar os jovens foi uma das suas preocupações, que abordou em cartas, livros e ensaios biográficos. O jornal espanhol El País inventariou algumas das suas principais ideias sobre o tema: conheça-as abaixo. 1 – Exames são prejudiciais, e aprender não deve ser obrigação Para Albert Einstein, o ensino não deve ser imposto aos jovens como uma obrigação: deve-lhes, sim, ser aguçada a curiosidade, a vontade de aprender. Na obra “A minha visão do mundo”, publicada originalmente em 1949 pelo cientista de origem germânica, Einstein discorria sobre vários temas relacionadas com a sociedade de que era contemporâneo e propunha a seguinte ideia: “ A aprendizagem deve ser feita de uma maneira que possa ser recebida como a maior dádiva, e não como uma obrigação amarga Note-se que Albert Eistein, na sua vida académica, estudara sete anos num colégio germânico, situado em Munique, que tinha um nome difícil até de escrever: Staatliches Luitpold-Gymnasium München. A sua experiência académica deixou-lhe uma visão crítica de um método que consistia em obrigar os alunos a decorar e reter a matéria, ao invés de serem encorajados a refletir sobre ela de forma crítica. Em “Notas autobiográficas”, publicado no mesmo ano, Einstein viria a escrever: “Aprendi desde muito cedo a extrair o importante, prescindindo de uma multiplicidade de coisas que (…) desviam a mente do essencial. O problema é que para os exames tinhas de enfiar tudo na cabeça, quer queiras ou não. (…) É um erro grave acreditar que a vontade de olhar e pesquisar pode ser fomentada pela obrigação e pelo sentido de dever. Penso que até um predador animal saudável pode ser privado da sua voracidade se lhes for exigido continuarem a comer quando não têm fome. A visão crítica de uma educação que promove uma sociedade pouco curiosa, e que aprende por obrigação, não é inovadora, e deixou raízes: por exemplo, no pensamento do romancista e ensaísta argentino Alberto Manguel, que em outubro, numa entrevista ao Observador, descrevia a curiosidade como uma “força motora” dos seres humanos. A que, apontava, a sociedade cria obstáculos: “Temos medo da curiosidade”, acrescentava. 2 – Fazendo o que se gosta, aprende-se mais Numa carta ao seu filho, Eduard Einstein, publicada postumamente em 2008 na obra “Posteridade: cartas de grandes [cidadãos] norte-americanos aos seus filhos”, de Dorie McCullough Dawson, o cientista recomendava-o a seguir o seu instinto e fazer aquilo que gostasse, já que essa é a “melhor maneira de aprender”: “ Toca ao piano sobretudo o que gostares, mesmo que a professora não te o exija. Essa é a melhor maneira de aprender, quando estás a fazer algo com tanto prazer que nem te dás conta do tempo a passar. 3 – Sem prática não há milagres Novamente em 1939, na obra “As minhas crenças” (título espanhol), Albert Einstein sugeriria que a prática é essencial para a aprendizagem, escrevendo que: “As grandes personalidades não se formam com o que ouvem ou dizem, mas com o trabalho e as ações. Por conseguinte, o melhor método de educação foi sempre aquele que exigiu ao seu discípulo [ou aluno] a realização de tarefas concretas. Isto tanto se aplica às primeiras tentativas de escrever feitas por uma criança, como [à escrita de] uma tese universitária (…), à interpretação ou tradução de um texto, à resolução de um problema matemática ou à prática de um desporto. Três anos antes, em 1936, era publicado um ensaio de Albert Einstein sobre a educação, em alemão: onde já defendia algo de muito parecido. “Se um homem jovem tiver treinado os seus músculos e a sua resistência física fazendo ginástica e caminhadas, mais tarde estará preparado para qualquer trabalho físico. Isto também acontece com a mente”, escrevera, em “Sobre a educação”. E, ainda no mesmo ensaio, viria a acrescentar que: “ Não estava equivocado aquele que disse: “A educação é o que sobra quando se esquece tudo o que se aprendeu na escola” 4 – Educar para servir a sociedade Ainda em “As minhas crenças” (título espanhol), originalmente publicado em 1939, o autor da teoria da relatividade manifestava preocupações quanto à educação e quanto à educação cívica dos jovens. Na obra, Albert Einstein escrevia: “ Deveria cultivar-se nos indivíduos qualidades que promovam o bem comum. Isto não significa que (…) [o indivíduo] se converta num simples instrumento da comunidade, como uma abelha (…) O objetivo deve ser formar indivíduos que atuem com independência e que trabalhem o seu principal interesse ao serviço da comunidade 5 – Jovens devem ser ensinados a dar, não a receber Na mesma obra, Albert Einstein refletia sobre aquilo que é dito aos jovens que devem atingir durante a sua vida: e sobre o quão errado tem sido esse pensamento. “Temos que ter cuidado com os que pregam aos jovens o sucesso como o objetivo [principal] da vida (…). O valor de um homem deveria ser analisado em função do que dá, e não do que recebe. A função decisiva do ensino é despertar estas forças psicológicas [vontade de contribuir para o mundo] nos jovens.”

Ler em… http://observador.pt/2015/11/30/como-edu ar-os-jovens-5-conselhos-de-einstein/

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Ao virar da página…

51 fotos raras que contam a história do século XX http://observador.pt/2016/01/08/historia-passado-ainda-nao-visto/

“Os drones de carne e osso (e asas) do século XX, os órfãos da guerra do Vietname, os bonecos de cera do Madame Tussaud que parecem cadáveres. Estas imagens vão levá-lo numa viagem pelo passado. Mais uma vez, o Observador leva-o a conhecer um pouco da História recente através das imagens mais impressionantes (e menos conhecidas). Desta vez vai poder conhecer Winston Churchill com apenas 21 anos. E vai também subir onde é proibido, através de uma fotografia tirada por turistas durante a noite no cimo da Grande Pirâmide. Entre uma e outra estão a primeira imagem do Machu Picchu (logo a seguir a ser descoberto), pombos com câmeras ao pescoço para captarem imagens aéreas (os primeiros drones, poderá dizer-se), fotos arrepiantes da I e II Guerras Mundiais e outras, mais felizes, que ilustram comportamentos típicos do século XX. As 51 imagens estão na fotogaleria à sua espera.”

Curioso? Ora, dê lá uma espreitadela! 

A maior pista de comboios em miniatura chegou ao Google Maps http://www.dn.pt/artes/interior/a-maior-pista-de-comboios-em-miniatura-chegou-ao-google-maps-4979829.html

“A exposição de pequenos comboios e cidades de Wunderland em Hamburgo, recebe um milhão de visitantes por ano. Agora pode ser seguida pelo computador, através do Google Maps. Um dia nesta cidade dura 15 minutos. É feito à escala como todos os milhões de elementos que compõem este mundo em miniatura com réplicas de comboios (muitas) mas também carros, Las Vegas, Mount Rushmore, nos EUA, cidades suíças e alemãs e um aeroporto funcional, em que até há um avião a levantar o voo. A Google Maps acrescentou Street View à exposição, como conta no seu blog. Minúsculos carros equipados com uma câmara percorrem todas as ruas e ruelas e ao lado dos quase 13 quilómetros de caminhos de ferro. "As câmaras Street View já andaram de gôndola em Veneza, de camelo no Deserto de Liwa ou em carros de neve nas colinas canadianas, mas para captar os detalhes de Miniatur Wunderland, trabalhámos com os nossos parcerios da Ubilabs para criar um aparelho novo -- e muito mais pequeno.

Ver #MiniView: Das Miniatur Wunderland auf Google Maps Ver em www.youtube.com

Há 200 mil figurantes -- esquiadores, um pai natal, um mercado agrícola em pleno funcionamento, um par recém-casado em Las Vegas, etc. - de pequeníssima escala neste pequeno mundo. São controlados remotamente permitindo pôr em funcionamento camiões de bombeiros e polícias de trânsito. A exposição terá levado 500 mil horas a completar, e espalha-se por 4 mil metros quadrados. Ao todo, 40 computadores controlam as atividades de Wunderland. Algumas atividades podem ser comandadas pelos visitantes. (…)”

Por aqui me fico… e claro, com o desejo de um fantástico ano de 2016!  Até ao próximo click!
publicado por Musikes às 12:26 link do post
11 de Janeiro de 2016

“GOTINHAS… CULTURAIS…”

“A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação.” Fernando Pessoa

A não perder! Aqui algumas sugestões culturais a lá dar um salto. ;)

Aberto concurso "Artes e Talentos" http://www.porto.pt/noticias/aberto-concurso-artes-e-talentos

“A Fundação da Juventude promove até ao dia 19 de fevereiro a segunda edição do Concurso "Artes e Talentos", uma iniciativa que visa distinguir a apresentação de projetos expositivos para o Palácio das Artes - Fábrica de Talentos, no Porto. As propostas apresentadas podem ser individuais ou coletivas, nas áreas da Pintura, Escultura, Fotografia, Gravura, Instalação, Arquitetura e Design. Aberto a todos os jovens residentes em Portugal, dos 18 aos 35 anos, com apenas um projeto, as candidaturas decorrem até 19 de fevereiro de 2016 e devem ser enviadas por e-mail para palaciodasartes@fjuventude.pt. Os projetos selecionados estarão em exposição entre 2 de abril (Dia Nacional dos Centros Históricos) e 30 de maio, no Palácio das Artes - Fábrica de Talentos, no Largo de S. Domingos, no Porto.”

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Teatro Municipal do Porto

TEATRO SEX 15 JAN ⁄ 21H30 SÁB 16 JAN ⁄ 19H00 CLÁUDIA GAIOLAS, MICHEL BLOIS (BR), PAULA DIOGO E THIARE MAIA (BR) O GRANDE LIVRO DOS PEQUENOS DETALHES PALCO DO GRANDE AUDITÓRIO MO • RIVOLI • 7,50 EUR • M/14

"O Grande Livro dos Pequenos Detalhes" conta duas histórias em paralelo. Na primeira, uma locutora de rádio decide fornecer informações de trânsito erradas, causando o caos na cidade. Na segunda, um departamento secreto cria distrações no mundo, fazendo com que as pessoas olhem para outras coisas que não os seus próprios problemas. + Info

DANÇA SÁB 16 JAN ⁄ 21H30 ANA JEZABEL & ANTÓNIO TORRES OUTRO EM MIM QUE EU IGNORO PALCOS INSTÁVEIS • COMPANHIA INSTÁVEL AUDITÓRIO • CAMPO ALEGRE • 7,50 EUR • M/12

Um debate sobre o próprio corpo, sobre as suas caraterísticas, sobre a personalidade que o veste, aspetos que pretenderia esquecer, ocultar, e que contudo perduram e incontrolavelmente emergem, expondo-se paradoxalmente a uma larga escala, que quem convive com esse corpo deliberadamente conserva. Um breve estudo sobre o Homem e o meio social, numa microescala, sem esquecer parte do que somos. + Info

SAB 23 JAN ⁄ DAS 11H00 ÀS 05H00 84º ANIVERSÁRIO RIVOLI BOUCHRA OUIZGUEN (MA) ⁄ IVANA MÜLLER (HR) ⁄ POESIA À SOLTA ⁄ CÁTIA PINHEIRO & JOSÉ NUNES ⁄ CASA DA ANIMAÇÃO ⁄ HHY & THE MACUMBAS ⁄ 2015 IMAGENS ⁄ FESTA PASSOS MANUEL TEATRO RIVOLI • VÁRIOS ESPAÇOS

Festejar o aniversário do Teatro Rivoli é também prestar homenagem a todos os que acompanharam de perto o ano de 2015, ano de grande atividade artística e de enorme mobilização de públicos. A festa, que começará bem cedo e acabará noite dentro, atravessará as principais áreas de programação do Teatro Municipal do Porto convidando todos a participarem. + Info Foto © Hervé Veronèse - Centre Pompidou

LITERATURA QUI 28 JAN ⁄ 22H00 QUINTAS DE LEITURA SEM ORDEM NEM DESORDEM AUDITÓRIO • CAMPO ALEGRE • 7,50 EUR • M/12

Um verso de Paul Éluard serve de mote a esta sessão, com três projetos distintos: Reportório Osório, stand-up poetry com Isaque Ferreira, Renato Filipe Cardoso e Rui Spranger, onde nada está a salvo da pena atenta e mordaz dos poetas, e uma BALLA (Armando Teixeira) certeira à figura de um GNR do norte (Rui Reininho). + Info

DANÇA SEX 29 A 31 JAN COMPANHIA NACIONAL DE BAILADO PROGRAMA REPORTÓRIO [Estreia] • SEX 29 ⁄ 21H30 • SÁB 30 ⁄ 19H00 • 7,50 EUR • M⁄12 ⁄ DANÇA E DOCUMENTÁRIO • DOM 31 ⁄ 17H00 • 7,50 EUR • M/12 GRANDE AUDITÓRIO MO • RIVOLI

Após 18 anos, a CNB regressa ao Porto para estrear um novo espetáculo, "Programa Reportório", onde se reúnem alguns dos coreógrafos que mais marcaram a História da Dança: George Balanchine, Anne Teresa De Keersmaeker, William Forsythe e Hans van Manen; a exibição do filme de Cláudia Varejão e a apresentação do solo para o bailarino Miguel Ramalho, criado pelo coreógrafo congolês Faustin Linyekula. + Info / Foto © Rodrigo de Souza

TEATRO MUSICAL SÁB 6 FEV ⁄ 19H00 RICARDO NEVES-NEVES ⁄ TEATRO DO ELÉCTRICO MENOS EMERGÊNCIAS GRANDE AUDITÓRIO MO • RIVOLI • 7,50 EUR • M/16

A partir de três peças do dramaturgo inglês Martin Crimp, “Menos Emergências”, com encenação de Ricardo Neves-Neves, é uma trilogia de espetáculos contada pela voz do que poderá ser uma certa burguesia florida e suburbana europeia. A peça conta com a colaboração do coro de jazz do Conservatório de Música do Porto "JazzSquad". + Info Foto © Alípio Padilha

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ctos Teatro Municipal Rivoli Praça D. João I, 4000-295 Porto +351 22 339 22 00

Teatro Municipal Campo Alegre Rua das Estrelas, 4150-762 Porto + 351 22 606 30 00

geral.tmp@cm-porto.pt

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Bibliotecas Municipais do Porto

Sábados a Contar de Janeiro Ler mais! http%3A%2F%2Fbmp.cm-port…

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O quarteirão das artes abre portas http://www.porto.pt/noticias/o-quarteirao-das-artes-do-porto-volta-a-abrir-portas

“Começa, no próximo dia16 de janeiro, a nova temporada de inaugurações em Bombarda. Este será o primeiro ciclo de 2016 da iniciativa "Inaugurações Simultâneas de Arte Contemporânea no Quarteirão de Miguel Bombarda". Pelas 16 horas, as portas das galerias do já conhecido como "quarteirão das artes do Porto" voltam a abrir-se ao público, em simultâneo, com novas exposições. O primeiro ciclo da iniciativa em 2016 traz também uma novidade. As inaugurações em Bombarda têm agora uma nova imagem. Esta é uma atividade já com uma grande tradição junto do público e uma das correntes artísticas que caracterizam a atividade cultural inovadora, dinamizadora e diferenciadora da cidade. As inaugurações simultâneas em Bombarda são promovidas pela Câmara do Porto, em parceria com a Bombarda Porto Art District, uma associação que conjuga elementos de várias áreas de negócio existentes no quarteirão. O acesso é livre a todos os espaços. Galerias participantes: - Rua de Miguel Bombarda 1 - Galeria São Mamede: trabalhos recentes de Victor Costa ; 2 - Galeria Serpente: "Looking over the landscape" (pintura), de Zaneta Jasaityté; 3 - REM Espaço Arte: "Volupias" (escultura), de Filomena Bilber, e "Transparências" (escultura), de Lena Álvares; 4 - Galeria Por Amor à Arte: exposição coletiva; 5 - Galeria Presença: "Inscape", de Pedro Gomes; 6 - Galeria Quadrado Azul (Espaço 553): Álvaro Lapa; 7 - Galeria Fernando Santos: "Não Aplicável", de Mariana Gomes; 8 - Galeria Múrias Centeno: Rinoceronte - Ananás, de Cidra, Da Luz, Escoval, Manso, Mendes, Romão e Sena; 9 - Galeria Metamorfose: "Civilização-Afecto", de Miguel Neves Oliveira; 10 - Galeria Simbolo: exposição coletiva; 11 - Galeria João Lagoa: artistas da galeria; 12 - Galeria Ap`arte: exposição coletiva; 13 - Galeria Trindade: Teresa Silva (desenho e pintura), na sala 1, e Paulo Capelo Cardoso (desenho e pintura), na sala 2; 14 - O! Galeria: "Peep Show" (ilustração); - Rua Manuel II 15 - Galeria Rui Alberto: "COLETIVA 23"; - Rua do Rosário 16 - Galeria Artes em Partes: anónimo (fotografia) 17 - Galeria Artes Solar de Santo António: "Linha do horizonte", de Carlos dos Reis.”

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No “Gotinhas” desta semana, estas e outras novas que passaram.

Esta livraria só tem um título à venda (de cada vez) | P3 http://p3.publico.pt/node/19277

“Japão Esta livraria só tem um título à venda (de cada vez) Na Morioka Shoten, em Tóquio, as estantes só têm um título em exposição. A livraria, que só tem um livro de cada vez, muda a escolha editorial todas as semanas”

Morreu o maestro e compositor Pierre Boulez http://www.dn.pt/artes/interior/morreu-o-maestro-e-compositor-pierre-boulez-4966248.html

“O músico francês Pierre Boulez tinha 90 anos. A notícia foi avançada pelo jornal Le Monde, que se refere a Boulez como um nome incontornável na vanguarda musical da segunda metade do século XX. Pierre Boulez nasceu a 26 de março de 1925, estudou música no Conservatório de Paris, sob direção de Olivier Messiaen e Andrée Vaurabourg e estudou dodecafonismo com René Leibowitz. Em 1948, tornou-se diretor de música da Companhia Renaud-Barrault, no Teatro Marigny, em Paris. No fim da década de 40 e no início da década de 50, compôs várias peças baseadas no novo sistema do dodecafonismo. Foi influenciado fundamentalmente por Stravinsky, Messiaen, Schönberg e Webern, mas foi deste último que adquiriu a ideia de um sistema serial generalizado sobre as alturas, durações, intensidades e timbres. Empenhado em difundir a música contemporânea, Pierre Boulez criou, em 1954, os concertos do Domaine Musical, que dirigiu até 1967, o Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique (1976, IRCAM), com sede no Centro Georges Pompidou, e do qual foi diretor até 1991, e o Ensemble Intercontemporain (1976). Esteve ainda associado a importantes projetos de difusão da música, como a criação da Ópera da Bastilha e da Cité de la Musique, em La Villettte, Paris. Em 1971 foi nomeado maestro titular da Orquestra Sinfónica da BBC e diretor musical da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque (1971-1977). Veja Pierre Boulez a dirigir a Orquestra de Paris no Louvre, numa interpretação de O Pássaro de Fogo de Stravinsky.

Ver Pierre Boulez- Emotion & Analysis Ver em www.youtube.com

Música Clássica. Os concertos para ver em 2016 http://observador.pt/2016/01/05/musica-classica-os-concertos-ver-2016/

“Há Bach. Há Satie. Há Verdi. E até há "O Senhor dos Anéis". Nos próximos meses vão ser muitos os espetáculos a não perder em Lisboa e no Porto. Veja quais são os dias que tem de reservar na agenda. O mês de janeiro já está recheado de concertos, em Lisboa e no Porto A pouco e pouco, as orquestras e companhias de dança começam a regressar à normalidade. Passados os habituais concertos de Natal e de Ano Novo, repletos de valsas vienenses e polcas de bater o pé, começam a surgir as primeiras datas de 2016. A agenda de música clássica está bem recheada, e há muito por onde escolher. O Observador reuniu algumas sugestões, em Lisboa e no Porto. E prometemos que nenhuma delas inclui Strauss. (…)

Almada Negreiros, Richard Ford e Michael Connelly entre as novidades do Grupo Porto Editora http://observador.pt/2016/01/08/almada-negreiros-richard-ford-michael-connelly-as-novidades-do-grupo-porto-editora/

“São muitos livros. Dos romances aos contos, da poesia à não-ficção. Veja tudo o que vai poder ler nos próximos meses da Porto Editora, da Assírio & Alvim, da Livros do Brasil e da Sextante Editora. O Grupo Porto Editora, ao qual pertencem editoras como a Assírio & Alvim ou a Livros do Brasil, divulgou esta sexta-feira as novidades para o ano de 2016. Para além da reedição de obras de Sophia de Mello Breyner, José de Almada Negreiros, Eugénio de Andrade e Luis Sepúlveda, na apresentação, que decorreu no Museu Geológico, em Lisboa, o grupo anunciou a publicação de um novo romance de Richard Zimler, com ilustrações de Júlio Pomar, e uma edição das poesias publicadas em vida de Ruy Cinatti, com mais de mil páginas. O novo ano irá trazer ainda duas obras de Rabindranath Tagore, o primeiro Prémio Nobel da Literatura não-europeu, e um livro de Richard Ford, que Manuel Valente, responsável pela área de literatura do grupo, considera ser um dos principais candidatos ao Prémio Nobel. Previsões à parte, uma coisa parece ser certa: há muitas novidades. Eis algumas delas. (…)”

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No “Pergaminho” desta semana…

35 anos de rock sem nunca partir uma guitarra http://observador.pt/especiais/entrevista-rui-veloso-35-anos/

“Se não fosse músico seria arquiteto ou designer. Está a preparar um programa de TV com música ao vivo e passa cada vez mais tempo no Porto - "qualquer dia mudo-me para lá". Rui Veloso, 35 anos depois. 35 anos, é este o tempo que Rui Veloso leva de estrada, foi o tempo que precisou para gravar a dezena de álbuns de estúdio que fizeram uma parte importante da história do rock português. Ainda lhe chamam “o pai do rock”, um título que recusa e que lhe dá vontade de rir, mas é inegável a relevância de algumas das canções que gravou — e que fizeram dele um dos músicos mais conhecidos e acarinhados em Portugal. No passado mês de dezembro saiu mais uma coletânea — O Melhor de Rui Veloso — um disco duplo que começa com “Chico Fininho” e inclui, pela primeira vez desde 2005, dois temas inéditos. A efeméride e o novo best of foram o pretexto para conhecer o Estúdio Vale de Lobos, perto de Belas (concelho de Sintra), a casa da música de Rui Veloso. Foi lá que nos recebeu, bem-disposto e descontraído. Rodeado de guitarras e amplificadores, fotografias com os Rolling Stones e com Eric Clapton e muitos discos, falou sobre a música que ouve e sobre o que pensa da pop, explicou porque é que não vai a festivais e porque é que a rádio matou o rock; e também do programa de televisão que está a preparar para a RTP e da forma injusta como a SPA cobra os direitos de autor. Ainda contou a história de como a gravação multipista do álbum Ar de Rock se perdeu para sempre. Aos 58 anos, Rui Veloso descreve a sua carreira como uma série de coincidências felizes. “Ter vindo para Lisboa, terem descoberto que eu fazia umas músicas em inglês, depois terem chateado o Carlos Tê para as fazer em português, depois eu fiz o ‘Chico Fininho’ e as pessoas gostaram… os anos foram indo, eu era um miúdo com 22 anos, enfim… demorei muito a perceber que se calhar ia fazer disto vida”, algo que aconteceu quando gravou o quarto álbum em 1986. Já passou por muitas peripécias e tem muitas histórias para contar, mas o homem do rock nunca partiu uma guitarra em palco. “Ver o Peter Townshend [dos The Who] a destruir uma Gibson partia-me o coração.” O compositor e guitarrista já não toca todos os dias: “É da idade. A malta mais velha é tudo igual. Acabamos por chegar à conclusão que há 25 anos já tocávamos o mesmo.” Uma graça que não tem reflexo no entusiasmo com que liga pela primeira vez uma das 70 guitarras da sua coleção a um velho amplificador. A conversa que se seguiu a este momento decorreu sem que nunca a tirasse do colo.

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É saudosista? No sentido do “antigamente é que era bom”? Se olharmos para o panorama musical penso que sim, houve uma época de ouro que dificilmente voltará atrás. Uma parte da música, em especial a desta malta mais nova, tornou-se num negócio de uma inocuidade confrangedora. É uma tentativa de faturação ao máximo, é de uma efemeridade chocante. Antes havia mais música feita por músicos. Mas a música feita num computador é menos que a música tocada com instrumentos? É obvio que é. Parte da música no computador já vem feita. Não é a mesma coisa tocar um piano num computador ou num piano acústico. A facilidade de acesso a produtos musicais tirou algum protagonismo à música tocada, à música que dá trabalho. São precisos anos para dominar um instrumento, para conquistar uma voz própria. É o que eu acho que falta à música feita no computador, à música pop, é uma espécie de fórmula repetida até à exaustão que não tem alma. A maioria da pop atual é confrangedora, inócua. Que música é que ouve, então? Oiço muita coisa, desde música coral inglesa e depois sei lá, Weather Report, Pink Floyd, Tom Waits, Little Feat… e muito jazz, Bill Evans é dos meus favoritos. E jazz português, temos coisas fantásticas. Oiço música muito variada. [Luis] Salinas, Pedro Aznar, coisas do tango argentino, [Astor] Piazzolla… E música nova? Há muito pouco “música nova”. São as tais fórmulas, Coldplay, Oasis, U2, não sei se se chama a isso música nova, para mim isso é mais novo. Estou sempre a ouvir estilos diferentes, até na música country. Estou muito no jazz, gosto muito da improvisação e da liberdade do jazz. Há coisas muito fora, a que nunca podemos chamar música antiga porque é música que hoje já nem se faz, era tão nova aquela música que nunca deixou de o ser [dando como exemplo os Weather Report]. rui-veloso07_1280x720_acf_crop… O Estúdio Vale de Lobos tem vários estúdios de gravação equipadas com material moderno, mas ainda mantém algumas relíquias Ainda vai a concertos? Já quase não há concertos, há festivais. Não é a mesma coisa… Não, claro que não. Em Nova Iorque não há festivais, há concertos. Em muitos sítios por essa Europa fora continua a haver concertos, de todos os géneros, mas aqui menos. Mas irrita-se com a forma como a indústria se estruturou para apresentar a música? Não me irrita, simplesmente não frequento. Ali não se apresenta nada. É uma coisa massificada e eu sou individualista, nunca vou por onde os outros vão, nunca alinhei na carneirada. Acho que os festivais são uma espécie de supermercados de música, onde num fim de semana tens 100 bandas, é uma coisa que não faz sentido nenhum. Faz sentido ires ver um concerto de um grupo de quem se gosta, pagar bilhete para ouvir aquele músico, aquela música de que se gosta. Não faz sentido querer ouvir 30 bandas porque ninguém anda a ouvir 30 bandas. Quer dizer, agora com os iPods andam… Ainda por cima, agora estamos na época das canções avulso, do single. O Rui sempre fez discos para se ouvir do princípio ao fim. Como é que encara esta mudança? A Adele acabou de vender milhões de exemplares do novo álbum. Para um objeto que está em extinção… isso prova que eles vendem-se. O problema é a total indefinição das editoras que até agora andaram a apanhar bonés, que se deixaram ultrapassar pela venda digital e pelo streaming e depois perderam o controlo. Eles deviam ter-se reunido antes e pensado: bem, se estão a aparecer novas formas de vender a música, vamos arranjar as nossas, para continuarmos a vender a nossa e os artistas serem compensados na mesma, etc. Perderam o comboio e agora a coisa está complicada, com os Spotify e tal… mas pelos vistos a Adele não autorizou o streaming e as pessoas vão comprar os discos. É uma esperança aberta no nosso horizonte, porque as pessoas como eu andam um pouco à deriva nesse aspeto. Eu já há quase 20 anos dizia: “Nós um dia destes vamos ter de oferecer alguma coisa com os CD”. Uma garrafa de vinho [risos], um bilhete para um concerto, qualquer coisa, isto assim não vai correr bem. Pensava muito na imagem, como os DVD, na importância de incorporar outros elementos no objeto, como as letras das canções, no fundo, melhorar a relação com a obra. Agora oferecem o streaming, é praticamente oferecido. Há muita gente a retirar a música do streaming, especialmente os artistas mais conhecidos. O seu último disco [O Melhor de Rui Veloso] não está disponível nas plataformas de streaming. Porquê? Então se a gente quer vender o CD não vai pô-lo em streaming… eu pelo menos assim pensei, e disse à editora que não queria o disco em streaming até se esgotar o tempo de vida normal [das vendas] do CD. Depois, quando chegarem à conclusão de que esse tempo acabou, ponham lá isso em streaming. Eu sei que não vou receber nada daquilo, nem dá para fazer um jantar com os amigos. Também não sabemos que acordos é que eles têm com as editoras, porque há sempre uns negócios a que os artistas são completamente alheios. No entanto, continua a haver na indústria alguns resistentes, por exemplo as editoras independentes que continuam a batalhar por um lugar e por um artista, para que ele receba pelo seu trabalho. A música é tida no mundo inteiro como a arte que merece não ser paga. Mas a relação causa-efeito é: se os artistas não forem pagos, acabam! Eu vivo dos meus concertos e dos meus discos, mas se não me pagassem os direitos de autor, o letrista viveria de quê? Os intérpretes safam-se nos concertos, mas os autores e compositores, que são muitas vezes uma face escondida mas que são fundamentais para fazer as letras e as músicas, se não forem os direitos de autor, eles vivem de quê? rui-veloso05_1280x720_acf_crop… "Mingos e os Samurais" foi o quarto álbum de Rui Veloso (1990). Foi sete vezes disco de platina, foram vendidos cerca de 200 mil exemplares E então como é que isto se resolve? Pagando, não há outra hipótese. Eu tenho Spotify, utilizo muito pouco mas tenho e pago. Só pode ser assim. Mesmo em relação aos espetáculos ao vivo, sempre disse: as câmaras municipais não deviam dar espetáculos de borla. Aquilo que a SPA [Sociedade Portuguesa de Autores] cobra em direitos de autor por um espetáculo para 90 mil pessoas é o mesmo que para um com mil pessoas. É tudo menos um incentivo para os autores e compositores. É uma injustiça. E depois temos em Portugal este hábito peculiar: “Ah sabe, ainda temos de pagar a este e aquele, não pode fazer um descontozinho nos direitos de autor?” É uma coisa recorrente ao longo dos anos. A SPA tinha o dever de levar isto às instâncias e lutar pelos direitos dos associados. Já luto por isto há muitos anos, já quando estive na direção da SPA pus esse problema em cima da mesa mas pelos vistos ainda está por resolver, o que é uma tristeza. Acha que um Ministério da Cultura pode ser a solução? Pode pelo menos ter uma visão de que a cultura é uma atividade importantíssima para a nossa formação. A cultura tem sido tão desprezada… têm até tido uma perspetiva que me remete para antes do 25 de Abril de 1974, é um bocado aquela cultura para pacóvio ver, a do “Fado, Futebol e Fátima”, nós neste momento não estamos aí mas estamos quase. Fátima tem melhores instalações, o futebol tem melhores estádios e o fado é património imaterial, sendo que continua a ser apresentado fora de Portugal como a canção nacional, o que é para mim muito redutor do que se faz musicalmente no país. O fado é uma canção de Lisboa, temos mais música, basta andarmos um bocadinho para Sul para percebermos que o que aí há não é fado, mas é tão bom como o fado, a meu ver. Basta andarmos por várias zonas do país para percebermos que há coisas muito boas e muito genuínas. Ainda temos uma elite muito envergonhada. Ainda há dias estava a ver no computador o Mick Jagger, o Buddy Guy e o Gary Clark Jr. (e outros) a tocar blues na Casa Branca em frente ao Obama e à mulher, dei por mim a pensar que não me importava de ter uma elite assim mais ligada às coisas terrenas, isto por que os blues são uma música simples, genuína. Agora já começamos a ter pessoas com outra formação, que não têm a mania de que ouvir música clássica é que é ser erudito, ou que ter uma Casa da Música chega para dar música à população do Porto… é apenas um exemplo de um erro de casting, a meu ver. Com o dinheiro com que se fez aquilo podiam-se ter arranjado todos os conservatórios de música do país. É uma vergonha que um Ministério da Cultura que se preze, que um país que se preze, não apresente um Conservatório Nacional que nem um brinco! Temos de ter orgulho no nosso Conservatório, nos nossos professores e nos nossos alunos. Há pouca música na educação? Está cada vez pior, mas não é só aqui. Somos um país pequeno e com gente interessante, mas muito de clubes, de carteirinhas, de grupinhos… foi sempre assim, não há maneira de se dar o que eu pensava ser um passo para cima, olharmos para a nossa cultura e para aquilo que temos, em vez de andarmos mais a dizer mal que a dizer bem, olharmos e termos orgulho nas coisas que fazemos. Há coisas de que eu não gosto mas tenho orgulho naquilo, porque é nosso. Uma pessoa não tem de gostar de tudo, tem é de ter orgulho naquilo que os nossos amigos e os nossos filhos fazem, que consigam ser excelentes nas diferentes áreas. E eu sei que os portugueses podem, é um povo com categoria, com dignidade, bom e criativo, já o vi muitas vezes. Isto aplica-se a todas as áreas. Na música também, temos músicos fabulosos a tocar por aí, estou quase a conseguir ter o meu programa de televisão, para mostrar isso. Então e como é que isso está? Está quase, falta muito pouco! Acho que falta só assinar, para podermos começar a constituir a equipa definitiva, a pesquisa, etc. E que programa é que vai ser? Um programa de música ao vivo, completamente live. Com bom som, bem filmado, para as pessoas que não têm a possibilidade de mostrar na rádio e muito menos na televisão a música que fazem. Artistas conhecidos e desconhecidos? Claro! Sobretudo os desconhecidos! Os conhecidos também os quero lá porque vão chamar a atenção para os menos conhecidos, até para géneros musicais menos conhecidos que eu gostaria de divulgar. Por exemplo? Por exemplo o jazz, a música tradicional, montes de coisas. Há malta nova a fazer misturas de música popular com música moderna, por exemplo. Queria misturar uma série de coisas para poder mostrar, sobretudo à malta mais nova, que infelizmente se desligou da televisão ou só vê as coisas más, pode ser que esta seja uma maneira de estimular a curiosidade. Eu sou muito curioso e espero contribuir para que as pessoas possam descobrir coisas novas, estimular a surpresa. Provavelmente terei que levar lá algumas coisas de que não gosto particularmente, mas tem de ser. E olha que às vezes uma pessoa diz que não gosta e depois vê-os a tocar e fica com uma outra perspetiva e até se apaixona. Já me aconteceu, por exemplo com o Bruce Springsteen. Quando ouvi o Born to Run [1975] pela primeira vez não gostei muito. Mas depois ouvi segunda e terceira e fiquei ali sempre à espera do próximo. O Born To Run foi um caso estranho na minha vida. Eu andava muito mais numa de Jimmy Hendrix do que de Springsteen, mas depois aquilo entranhou-se, não há nada a fazer. Ainda é um disco que eu adoro. rui-veloso01_1280x720_acf_crop… Com 58 anos, já não toca guitarra todos os dias mas mantém a agilidade (e a expressão) E é rock. E o Rui é o “pai do rock português”. Chateia-se com o “título”? [risos] Não me chateia nada, mas não é verdadeira. Quem é, então? O pai do rock são aqueles gajos mais antigos, o Phill Mendrix, o José Cid, o Carlos Mendes e o Zeca do Rock, sei lá. Eu não tenho nada a ver com isso. O problema é que a rádio matou o rock, só passa música pop sem interesse. Agora o rock é uma coisa fraquinha, chamam-lhe música alternativa. Tem coisas giras, mas a maioria tem pouca força. Faltam músicas e músicos a sério! [risos] 35 anos depois, ainda tem músicas na gaveta? Não, tenho pouca coisa. E estamos em Portugal. Tu és mais novo que eu, por isso digo-te, para te localizares: eu gravei o Ar de Rock [1980], que é reconhecido como um disco que abriu uma espécie de cortina que nunca mais se fechou. Porque teve sucesso. Foi gravado e misturado em 70 horas, foi sempre a andar. Foi o primeiro disco a ser gravado em 24 pistas em Portugal, na primeira máquina que foi para a Radio Produções Europa, onde eu gravei, um estúdio ali no Alto de São João [Lisboa]. Cada bobine [de fita] levava umas três músicas, por isso eu tinha quatro bobines de 24 pistas, a 12 contos cada uma. O Zé Fortes, que era um dos sócios do estúdio, fartou-se de dizer ao Chico Vasconcelos, da Valentim de Carvalho, durante meses: “Olha, vocês não querem as fitas? Estou aqui a guardar isto, se vocês não quiserem eu gravo por cima!”. E assim foi, a versão multipista do Ar de Rock foi desgravada. Era assim que funcionava. Percebeste o país que era? Tenho quase todos os outros discos em multipista. Vou querer reeditar o Auto da Pimenta [faz 25 anos em 2016] e com a gravação multipista tenho o som todo debaixo dos dedos, para o poder remisturar. E música nova, está a preparar alguma coisa para 2016? Ainda não sei, depende do programa de televisão. Aquilo vai dar muito trabalho, não sei se vou conseguir fazer alguma coisa de música entretanto. Também vou remodelar o meu restaurante no Porto, transformar aquilo numa coisa mais à minha imagem, pôr lá alguma memorabilia, mudar o ambiente, os menus, enfim, aquilo vai dar trabalho. E tenho de estar mais com os meus pais, que estão lá. Eles gostam muito que eu esteja lá. Quem sabe se eu ainda acabo a ir viver no Porto. rui-veloso08_1280x720_acf_crop… Esta é uma das 70 guitarras da coleção. "Gostava de as ter expostas ali no corredor"

Como ensinam os professores com deficiência? http://www.educare.pt/noticias/noticia/ver/?id=81102

“Tinha 15 anos quando lhe diagnosticaram uma neuropatia periférica desmielinizante, doença crónica degenerativa que lhe afeta a mobilidade. Ana Paula Figueiredo tem 40 anos e há cinco que se desloca com o auxílio de um andarilho. É professora do grupo 520, de Biologia/Geologia, há 14 anos, mas por motivos de saúde tem apenas 11 anos de serviço contados. Em 2005, ficou efetiva na Escola Básica Integrada de Velas, na Ilha de São Jorge, nos Açores, e há quatro anos foi colocada por afetação na Escola Secundária Antero de Quental, na Ilha de São Miguel. Neste ano letivo, tem oito turmas do 7.º e 8.º anos do ensino regular. Dá aulas de Ciências Naturais, Higiene e Segurança no Trabalho, tem turmas de alunos com défice cognitivo ligeiro a profundo. De 2004 a 2008, deu aulas em São Jorge. Foram tempos difíceis. “Como, nessa altura, as limitações motoras ainda eram mais graves, e não me conseguia deslocar sozinha, nem realizar as diferentes atividades diárias sem auxílio, necessitei que os meus pais me acompanhassem, tal só foi possível por também eles serem professores reformados. Esse foi um período muito complicado pois não existia, na ilha, fisioterapia especializada nem um hospital com especialistas ou técnicos especializados”, recorda. Teve, por isso, de se ausentar da ilha várias vezes, obrigada a faltar às aulas, perdeu tempo de serviço.

Há aspetos que, na sua opinião, podiam melhorar. Há cotas para a colocação dos docentes com deficiência, permitindo a afetação após três anos de estarem efetivos numa escola. “No entanto, isso, por vezes, implica a deslocação para locais muito afastados de casa, o que é difícil para os ditos normais, mas ainda é mais complicado para quem tem limitações e necessita de apoio da família, às vezes para as necessidades mais básicas”, refere. Além disso, os professores que necessitam de fisioterapia para sempre, como é o seu caso, “não têm qualquer redução de horário, ou são colocados a grandes distâncias dos centros de fisioterapia”. O que, por vezes, implica faltar às aulas ou à fisioterapia. “Os docentes que não conseguem conciliar os horários sobrecarregados pelas reuniões e pelas horas passadas em casa, pois as escolas não têm os espaços e materiais necessários, a preparar as aulas, com as horas necessárias para as consultas, fisioterapia, etc., têm de desistir da carreira docente e passar à carreira administrativa”, refere.

Ana Paula nasceu para ser professora. Apesar de todos os contratempos, não se imagina a fazer outra coisa. O facto de ser portadora de uma deficiência motora limita a mobilidade, mas não influencia a forma de dar aulas. Como se cansa mais facilmente, passará mais tempo sentada do que os seus colegas. “Não existem cuidados especiais”, diz. E os alunos estão sempre dispostos a ajudar. “Antes de usar o andarilho, que também utilizo para transportar a pasta, eram os alunos que transportavam o material necessário às aulas. Independentemente da faixa etária – e este ano tenho alunos dos 12 aos 18 anos -, todos estão sempre prontos a ajudar, chegando a ‘brigar’ para escrever o sumário, apagar o quadro ou ir buscar alguma coisa necessária à funcionária”, conta. Fica muito contente quando vê a evolução dos seus alunos, entristece-se com o crescente desrespeito pela educação, pelos docentes.

Se fosse ministra da Educação, Ana Paula adaptaria os currículos para as turmas adaptadas, tornaria as aulas e os temas mais práticos e as escolas não teriam obstáculos à circulação, permitindo que todos pudessem realizar as mais diferentes atividades. E não só. “Mostraria mais respeito pelos professores que são agentes de ensino e não meros criadores de documentos, ou seja, acabaria com a burocracia, o que levaria a que existissem mais horas para a elaboração de materiais tão necessários às aulas”. E alterava ainda o tempo para a aposentação, “pois a carreira docente é extremamente desgastante”.

Aprendeu sem cadernos, ensina com estratégias Carla Badalo não vê. Nasceu com um glaucoma congénito. Vê apenas claridade, nada mais. Chegou a andar com uma bengala, agora tem um cão-guia que a acompanha para todo o lado. Mas quando chega a um novo local para dar aulas, o cão-guia tem de perceber por onde pode andar, por onde tem de ir, precisa de instruções. “Não é fácil, não conheço o mundo tal e qual as outras pessoas”, diz. Mas, desde muito cedo, aprendeu que quem tem boca vai a Roma. Assim é. Procurou estratégias para contornar dificuldades. Estudou Línguas e Literaturas Modernas, Português e Francês, sem cadernos ou livros, sem ver como se escreviam as palavras. Como professora, encontrou métodos para ensinar. Em certas aulas pedia a máxima atenção aos alunos para detetarem erros que os colegas escrevessem no quadro. Quem descobrisse erros, se os houvesse, “ganhava” bolinhas, prémios pela atenção.

Carla Badalo é professora desde 2001. No primeiro ano de estágio, deu aulas de Português e Francês. Em 2011, especializou-se em Educação Especial, na componente de deficiência visual, e em 2014 tirou uma nova especialização em Desenvolvimento Cognitivo e Motor. Carla Badalo é de Sintra e dá aulas a centenas de quilómetros de casa, em Viana do Castelo, no Agrupamento de Escolas de Abelheira. Quando começou a ensinar, não tinha materiais adaptados. A situação foi melhorando. Agora tem computador com Braille e com leitura de ecrã. Antes passava a matéria em acetatos ou em fotocópias. Neste momento, está na Educação Especial, coadjuva professores de várias disciplinas na parte da deficiência visual. A Educação Especial é a sua praia.

Os alunos que têm deficiência visual precisam de acompanhamento. Precisam de ajuda em várias atividades do dia a dia. Há coisas muito importantes a ensinar, como contar dinheiro, orientação e mobilidade, treinar a visão. Carla Badalo aprendeu a adaptar-se a qualquer circunstância. O cão-guia são os seus olhos, mas ele precisa de orientações. “Não faz o trabalho por mim”. Mas quem aprendeu sem livros, sabia que era possível ensinar sem ver. E como fazia para corrigir os testes? Depois de algumas experiências, optou por pedir ou pagar, dependia da disponibilidade das colegas, para a correção das provas dos seus alunos. Um processo que fazia questão de acompanhar passo a passo, cada resposta dada. Um aluno não podia perguntar-lhe o que era aquele ponto de interrogação no teste ou por que razão aquela resposta estava mal e a professora não saber responder. “É preciso ter confiança no que se diz e no que se faz”. Se tiver de pagar essa correção, o dinheiro sai-lhe do bolso, não há qualquer comparticipação.

Carla Badalo pede atenção aos colegas que trabalham com alunos com deficiência visual. Precisam de ter alguns cuidados. “Digam como se escreve, as vírgulas, as mudanças de linha, parágrafos, onde ficam os acentos nas palavras, os pontos finais, as maiúsculas”. Não se arrepende da profissão que escolheu. Mas não fica contente quando vê que as cotas para a colocação dos docentes com deficiência não são respeitadas à letra. “Nem sempre há vagas e a tutela não tem isso em conta”. O que está escrito nem sempre é aplicado na prática.

Dar aulas sem ouvir Lurdes Gonçalves é professora há 18 anos, mas tem apenas 12 anos de serviço contados. Neste momento, dá aulas de Língua Gestual Portuguesa a uma turma da EB1 S. Bartolomeu, em Coimbra. É surda e garante que não ouvir não condiciona o seu trabalho na profissão que tem. “As minhas aulas baseiam-se em jogos, vocabulários, tiro ‘fotos’ com os gestos ligados aos temas.” Visitas a museus são uma forma simples e eficaz de chegar às crianças. “A minha forma de ensinar adapta-se ao tipo de criança e necessidade que cada criança tem. Logo, a habituação torna-se fácil”, refere.

“Uma das minhas maiores alegrias é ver a evolução dos alunos ao longo do tempo, após muito esforço e dedicação”, afirma. Com os colegas não há complicações. Reconhece que a tutela tem lidado bem com os casos dos professores com algum tipo de deficiência até porque, no seu caso, não são necessários muitos cuidados. Mas se mandasse, haveria uma nova regra. “Se fosse ministra da Educação faria com que todos os professores soubessem ou aprendessem a Língua Gestual Portuguesa para que houvesse uma melhor comunicação com os alunos surdos”.

O assunto foi colocado na agenda pela Federação Nacional dos Professores (FENPROF) e pela Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes que, em novembro, organizaram um encontro subordinado ao tema “A deficiência e o (no) exercício da profissão docente”, que teve lugar na Secundária D. Pedro V, em Sete Rios, Lisboa. No final, destacou-se a importância de refletir sobre as soluções para melhorar e dignificar as condições de trabalho desses profissionais. Até porque, lembrou-se, da parte da Direção Geral da Administração Escolar não há resposta aos pedidos de informação sobre a realidade dos docentes com deficiência.

No site da FENPROF conta-se o que aconteceu nesse encontro. Quanto custa a um docente cego corrigir os testes dos seus alunos? Como pode um docente surdo exercer a sua atividade profissional sem ter consigo um intérprete de língua gestual? Em que condições trabalha um educador ou professor com mobilidade reduzida numa escola cheia de obstáculos arquitetónicos ou sem as necessárias adaptações de acessibilidade? Como ultrapassar dificuldades no acesso a equipamentos e materiais de apoio? Estas foram algumas das questões levantadas.

“O professor cego tem que conhecer bem a sala e a instituição em que trabalha, tem que saber usar os equipamentos, tem que deslocar-se com segurança em todos os locais do seu espaço profissional. Autonomia, independência e segurança são fundamentais”, sublinhou Deodato Guerreiro, catedrático, especialista na área das ciências da comunicação, presente no encontro. Por outro lado, Paula Campos Pinto e Patrícia Neca, do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, anunciaram que estão a preparar uma candidatura para apoio a um projeto de investigação, mais concretamente um estudo sobre a educação inclusiva que integrará a recolha de informação sobre a perspetiva dos professores com deficiência.

“Os professores de Educação Especial não têm que substituir colegas. Nas deslocações entre escolas do agrupamento, o professor não tem que pagar do seu bolso a deslocação nem é obrigado a ter carta de condução”, referiu Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF, no final do encontro. “Não se deve confundir direitos legalmente estabelecidos com favores”, disse, acrescentando que, nas escolas, o que está na lei tem de ser garantido pelas direções.”

Por aqui me fico… e claro, com o desejo de um fantástico ano de 2016!  Até ao próximo click! :)
publicado por Musikes às 11:20 link do post
06 de Janeiro de 2016

“Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo. Aparte isso, eu tenho em mim todos os sonhos do mundo.” Fernando Pessoa

GRANDES MÚSICAS… GRANDES ÉPOCAS!...

White Christmas http://videos.sapo.pt/uq9g8lTqA6oGcpwggIdD

"Temos obrigação de salvar tudo aquilo que ainda é susceptível de ser salvo, para que os nossos netos, embora vivendo num Portugal diferente do nosso, se conservem tão Portugueses como nós e capazes de manter as suas raízes culturais mergulhadas na herança social que o passado nos legou." (Jorge Dias)

As Janeiras - José Afonso http://videos.sapo.pt/6RFvLtk9WIFbqOUqj5dg

»» Tradições Natalícias »» As Janeiras e os Reis

As Janeiras e os Reis

O cantar das Janeiras é o domínio, quiçá o mais rico, do Cancioneiro Popular Português. A sua origem remonta igualmente ao tempo do paganismo em imitação das Saturnais Romanas que, ao converterem-se à religião crista, assumiram foros da maior originalidade. No ancestral cantar das Janeiras está contido todo o espírito popular, a criatividade; a beleza, o encómio e o escárnio. Muito embora neste domínio se acentuem as heterogenias regionais, é, no entanto, comum a todo o País a composição de pequenos grupos corais, normalmente acompanhados de instrumentos musicais, que percorrem os mais variados lugares da sua freguesia ou vila, batendo às portas e entoando loas religiosas à mistura com quadras de fino gosto popular.

Cantar as Janeiras em Santa Maria da Feira ( Janeiro 2003 ... https://www.youtube.com/watch?v=o9wmaUsigfo

vamos cantar as janeiras https://www.youtube.com/watch?v=A_TskbK8ZEw

Cantar as janeiras https://www.youtube.com/watch?v=CiujeXO8mNY

Cantar dos Reis - AM Barcelos - #5 - Jan10 - YouTube https://www.youtube.com/watch?v=UfFa_Evyp9U

O objectivo era serem bem recebidos pelos moradores que lhes ofereciam doces e vinho. Mas, caso não correspondessem a contento, eram “mimoseados” com canções de chacota, por vezes achincalhantes, e não raras vezes culminadas por cenas bem tristes e desnecessárias. As esmolas recebidas, em géneros, guloseimas ou dinheiro, eram em certas regiões destinadas à ceia ou festa do grupo, enquanto que noutras paragens revertiam a favor das almas do Purgatório. No Algarve são bem conhecidas as tradicionais charolas que na orla marítima do Sotavento ainda se mantêm com o mesmo fulgor de há dezenas de anos atrás. A recolha deste riquíssimo espólio da nossa literatura oral, foi, em parte, compilado por José Leite de Vasconcelos, Ataíde Oliveira e muitos antropólogos, amadores ou profissionais, que percorreram o País de lés-a-lés. José Carlos Vilhena Mesquita”

Ler mais e consultar em… http://www.folclore-online.com/ciclos/festividades_natalicias/janeiras_reis.html

Dia de Reis... Vamos cantar as Janeiras - musicaenaoso http://musicaenaoso.blogs.sapo.pt/70575.html

Dia de Reis e de cantar as Janeiras - SAPO Vídeos http://videos.sapo.pt/GMhRFMAqan0tZ8ikW7Rs

Natal Dos Simples – Zeca Afonso – LETRAS.MUS.BR https://www.youtube.com/watch?v=mHngFbpXdjE

Por isso!... Não percas o próximo post… porque nós… também não!!!
publicado por Musikes às 11:10 link do post
04 de Janeiro de 2016

“GOTINHAS… CULTURAIS…”

“A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação.” Fernando Pessoa

Antes do mais, seja bem-vindo a 2016! Vamos às notícias?

A não perder! Aqui algumas sugestões culturais a lá dar um salto. ;)

Casa da Música – Porto

Romeu e Julieta, o bailado (15€)

Ler mais! http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/02/13-fevereiro-2016-orquestra-sinfonica-do-porto-casa-da-musica/43171?lang=pt

Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música - [13/02/2016 - sábado | 18:00 | Sala Suggia] - Clássica Cine-concerto ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICA Adrian Prabava direcção musical Sergei Prokofieff/Frank Strobel Romeu e Julieta Filme com a Companhia de Ballet do Teatro Bolshoi Leonid Lavrovski coreografia Galina Ulanova e Yuri Zhdanov bailarinos European Film Philharmonic Institut FILMPHILHARMONIC EDITION European Film Philharmonic Institut Filme cedido por Progress Film‑Verleih GmbH, Música cedida por Internationale Musikverlage Hans Sikorski GmbH & Co. KG. Os bailarinos Galina Ulonova e Yuri Zhadov são figuras lendárias da arte da dança e ficaram imortalizados no filme de 1955 do bailado Romeu e Julieta, de Prokofieff, com a coreografia de Leonid Lavrovski para a célebre Companhia de Ballet do Teatro Bolshoi. Graças às novas tecnologias e ao trabalho do European Film Philharmonic Institute foi possível reconstituir o filme original para ser acompanhado em tempo real. Apresentado pela primeira vez em Portugal, este memorável bailado é acompanhado ao vivo pela Orquestra Sinfónica sob a direcção de um especialista na área, o maestro Adrian Prabava, naquele que será um concerto inesquecível.

A rolha da garrafa do rei de onde? (7,5€)

Ler mais! http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/01/16-janeiro-2016-a-rolha-da-garrafa-do-rei-de-onde/43472?lang=pt

Espectáculos | Concertos para Todos - [16/01/2016 - sábado | 16:00 | Sala 2] - Espectáculos ( Famílias, Público Geral ) Casa da Música e Ópera Isto co-produção Ângela Marques e Mário João Alves concepção, direcção artística e interpretação Atravessamos o mundo mágico com uma das figuras mais poderosas e temidas do folclore do Leste europeu. Baba Yaga, a bruxa, inicia-nos no imaginário fértil dos contos russos num teatro musical visualmente forte, de poucas palavras. De sentidos em alerta, somos levados numa viagem encantada, emocional, que envolve garrafas com mensagens e… mais não contamos. Co-produzido pela Ópera Isto, este é um espectáculo inédito, um mistério por desvendar.

Sagração Russa (15€)

Ler mais! http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/01/15-janeiro-2016-orquestra-sinfonica-do-porto-casa-da-musica/43162?lang=pt

Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música - [15/01/2016 - sexta-feira | 21:00 | Sala Suggia] - Clássica A violinista Viviane Hagner estreou‑se com orquestra sob a direcção de Zubin Mehta com apenas 13 anos de idade. Hoje em dia é acompanhada pelas grandes orquestras mundiais e senhora de um extenso e notável repertório. Escrito para o virtuoso Gidon Kremer e a Orquestra Filarmónica de Berlim, que estrearam a obra em 1984, o Concerto para violino nº 4 de Schnittke afirmou‑se imediatamente como uma das mais expressivas peças concertantes criadas no século XX, muito graças ao poderoso estilo declamativo do violino que desafia constantemente os imensos coloridos e ambientes contrastantes da orquestra. Desde a sua escandalosa estreia em Paris, em 1913, A Sagração da Primavera tornou‑se um marco de virtuosismo para as orquestras de todo o mundo, sendo hoje em dia uma obra favorita das salas de concerto. “Ouvir Viviane Hagner a tocar violino é uma experiência encantadora.” Berliner Morgenpost “Viviane Hagner, embriagante e extremamente segura.” The Times

Concerto das Nações (15€)

Ler mais! http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/01/09-janeiro-2016-orquestra-barroca-casa-da-musica/43160?lang=pt

Orquestra Barroca Casa da Música - [09/01/2016 - sábado | 18:00 | Sala Suggia] - Barroca Na Suite Les Nations, Telemann fez desfilar turcos, suíços, moscovitas e portugueses numa viagem à Europa musical Setecentista. Recorrendo a figuras de retórica, esta peça surpreendente faz alusão ao imaginário das viagens em carruagens puxadas por cavalos e a um universo sonoro que, em alguns casos, procura reproduzir características nacionais. Num programa que dá a conhecer um concerto para fagote extremamente expressivo de Graupner na interpretação de José Gomes, a Orquestra Barroca saúda o Ano Novo com uma Sinfonia de Bach alusiva ao tema, concertos célebres de Corelli e Händel, assinalando igualmente o Ano Rússia com a original homenagem de Telemann aos moscovitas. “Laurence Cummings tornou-se um dos mais destacados especialistas da música barroca da sua geração, quer no teatro de ópera, quer na sala de concertos.” Star Tribune

Uma noite na ópera italiana (19€)

Ler mais! http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/01/08-janeiro-2016-orquestra-sinfonica-do-porto-casa-da-musica/43159?lang=pt

Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música - [08/01/2016 - sexta-feira | 21:00 | Sala Suggia] - Clássica Uma gala de ópera com algumas das mais conhecidas árias de Rossini, Bellini e Donizetti dá-nos a conhecer as prodigiosas vozes da meio-soprano turca Ezgi Kutlu e do tenor norte-americano Barry Banks, presenças regulares nos teatros líricos da Europa e América do Norte. A direcção está a cargo do britânico David Parry, fundador e director do Almeida Opera Festival e detentor de destacados prémios internacionais neste domínio. “Ezgi Kutlu foi soberba a cantar e a actuar.” The Opera Critic Reviews

Solistas da Orquestra Barroca Casa da Música

Ler mais! http://www.casadamusica.com/pt/agenda/2016/01/06-janeiro-2016-solistas-da-orquestra-barroca-casa-da-musica-palacio-da-bolsa/2130?lang=pt

Música de Câmara no Salão Árabe do Palácio da Bolsa [06/01/2016 - quarta-feira | 21:30 | Palácio da Bolsa – Salão Árabe ] Solistas da Orquestra Barroca Casa da Música Huw Daniel violino Reyes Gallardo violino Filipe Quaresma violoncelo Miguel Jalôto órgão Arcangelo Corelli Sonata a 3 op.3 nº 1 Michel-Richard De Lalande Noëls en trio avec un Carillon Johann Pachelbel/J. S. Bach Prelúdios Corais & Fughetas Heinrich Biber A Natividade Dietrich Buxtehude Sonata a 3 BuxWV271 – Johann Schmelzer Sonata Pastorale Louis-Claude Daquin Noël en musette Dietrich Buxtehude Prelúdio Coral “Wie schön leuchtet der Morgenstern” Anónimo alemão séc. XVII Sonata “Wie schön leuchtet der Morgenstern” J. S. Bach Pastorella BWV590

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No “Gotinhas” desta semana, estas e outras novas que passaram.

O regresso https://www.publico.pt/sociedade/noticia/o-regresso-1718902

“É tempo de regressarmos ao tempo lectivo e acho que é o tempo certo para escrever as coisas tal como elas são: não me apetece e não me apetece de uma forma mais intensa do que em outras ocasiões, eventualmente mais turbulentas. Poderá existir quem, de forma adequadamente cínica, diga que irei regressar porque é necessário receber o salário ao fim do mês, ou quem diga que se assim é devo dar lugar aos novos, que estarão cheios de vontade de me ocupar o lugar. Ficarão sem resposta, porque não são essas as questões que me interessa abordar (e quem nelas quiser insistir pode esperar sentado que eu volte a falsas recriminações), mas sim por que razões me sinto deste modo e, apesar disso, voltarei e cumprirei as minhas obrigações profissionais. Antes de mais, regresso porque há pessoas na escola de quem gosto e algumas de quem gosto muito, alunos e colegas, com quem me sinto bem no dia-a-dia, apesar de chatices diversas e de outras pessoas que não estimo particularmente, como é público e notório (não aplicável a alunos que, no máximo, conseguem despertar-me ligeiras irritações). Regresso porque gosto da escola onde estou e porque quando chego a sinto como acolhedora e não hostil (apesar da minha disposição correr o risco de, logo na 2.ª feira, ter a sua metamorfose ao ir pelos corredores no trajecto curto da sala dos professores até à sala 10). Mas regresso apesar de tudo aquilo que na última década se degradou para lá de qualquer ponto de retorno à esperança de que algo melhore ou estabilize no sector da Educação, em virtude de vários mandatos de gente só preocupada em amesquinhar, racionalizar, gerir, reformar, enxertar e retirar o ânimo ao pessoal docente e não docente nas escolas e desorientar, em larga medida, alunos e encarregados de educação. Regresso em 2016 para exercer uma carreira que perdeu qualquer horizonte de progressão, proletarizada em termos materiais, parente pobre e incómoda para os poderes políticos e que alguns fazedores de opinião traumatizados e medíocres se preocuparam em desqualificar longamente em prosas mais ou menos marcadas pela soberba intelectual típica daqueles que estão abaixo de qualquer dejecto canino, exigindo aos outros uma avaliação fingida, sem sentido, que em nada melhora o seu desempenho. Regresso para escolas geridas globalmente de uma forma não partilhada, seguindo um modelo simplista e redutor de cadeia hierárquica, em que a obediência e submissão são os princípios desejados. Regresso para uma sala de professores em que, à semelhança de tantas outras, há óptimos profissionais (e ocasionalmente outros menos assim) a quem fizeram tudo por sugar o ânimo e a capacidade para resistir aos sucessivos desmandos legislativos e tentaram deixar como meros autómatos executores de cada nova pseudo-reforma estrutural. Regresso para trabalhar num sector que deixou de ser considerado prioritário para os governantes, que em dado tempo se tornou pasto para investimentos sumptuários, num modelo de escola pública a várias velocidades, e depois se tornou o campo privilegiado para o desinvestimento nos serviços públicos (a par da Saúde, que é um caso com consequências mais trágicas e mediáticas) como forma pouco encoberta de promover os “projectos” do sector privado. Regresso para trabalhar com alunos cujos interesses foram desonestamente invocados para tomar medidas que os prejudicaram objectivamente, desde a retirada de apoios sociais e educativos à degradação das condições em que decorrem as aulas, com argumentos de racionalidade económica próprios de gente irracional. Regresso para tentar, na Escola, resolver as injustiças e desigualdades que aumentaram de forma dramática na Sociedade, sendo responsabilizado pelo insucesso daqueles que, quando entram pela manhã nos portões da escola, trazem sobre si o peso enorme de uma situação económica e financeira familiar estrangulada pelos efeitos directos (desemprego) e indirectos (impostos) dos enormes insucessos daqueles que, há bem pouco tempo, se apresentavam como grandes faróis e mentores do Sucesso Nacional.”

Portugal é um país de escritores ricos https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/portugal-e-um-pais-de-escritores-ricos-1718866

“1. Há quase 20 anos um poema de Nuno Moura dizia Portugal é um país de poetas ricos. Hoje podemos dizer mais, Portugal é um país de escritores ricos. Ao contrário dos alemães, que não têm onde cair mortos e são pagos sempre que vão fazer uma leitura para poderem continuar a escrever, ou dos pelintras dos ingleses, que em 2015 bateram o recorde de candidaturas a subsídios de escrita, os portugueses são tão ricos que não precisam de dinheiro para pesquisar um livro, nem para viver enquanto o escrevem. Entretanto, dão o seu tempo a câmaras, bibliotecas, festivais, centros e demais instituições cada vez mais envolvidas na promoção da literatura. Em suma, se os escritores portugueses já não precisavam de dinheiro, em 2016 também já não precisam de tempo. Superaram a fase da criação, estão em pleno criacionismo: o livro é um PDF de Deus, vem já revisto e tudo. 2. Eis a ficção que tende a enredar estes abastados imortais que cada vez mais não escrevem a futura literatura portuguesa. Há dois motivos para falar deles agora: primeiro, Portugal voltou a ter Ministério da Cultura, e se o actual Governo fez disso bandeira há que cobrá-la na prática, ver como lidará com a falta de meios e equipas exauridas; segundo, nunca em Portugal tantas câmaras, bibliotecas e instituições com orçamentos se envolveram tanto na promoção da literatura. O Ministério da Cultura pode, por exemplo, retomar de alguma forma as bolsas de criação literária. Câmaras, bibliotecas e instituições com orçamento podem apoiar a criação. E esses apoios devem coexistir com meios novos na Internet, porque não asseguram o mesmo, como explicarei adiante. 3. Começando pelas bolsas. Entre 1997 e 2002, o Ministério da Cultura atribuiu 12 bolsas anuais (poesia, narrativa, banda desenhada, dramaturgia) de 250 contos por mês (o equivalente hoje a 1250 euros, quando os preços eram bem mais baixos). Os júris variavam com os anos, e entre os contemplados contaram-se Al Berto, Armando Silva Carvalho, Maria Velho da Costa, Mário de Carvalho, Luísa Costa Gomes ou Almeida Faria; então desconhecidos como Gonçalo M. Tavares e Dulce Maria Cardoso; ou ainda Pedro Rosa Mendes, Mafalda Ivo Cruz, José Luís Peixoto, Paulo José Miranda, Adília Lopes, Nuno Moura, Rita Taborda Duarte, Carlos Luís Bessa, Filipe Abranches, José Carlos Fernandes, Inês Pedrosa. Quando as bolsas foram suspensas, era já possível contar uma grande maioria de projectos publicados nos três primeiros anos. Para dar ideia da diversidade de opiniões na altura, Inês Pedrosa propôs separar o concurso de estreantes e já publicados, Francisco José Viegas era contra bolsas para primeiras obras, Maria Velho da Costa privilegiava primeiras obras, e Vasco Graça Moura opunha-se a qualquer apoio estatal directo. Chegou a ser feito um novo regulamento em que primeiras obras não podiam concorrer e os escritores tinham de cumprir o prazo, senão devolviam o dinheiro, mas não avançou. De resto, o investimento do Ministério da Cultura na literatura foi diminuindo, mantendo-se só o apoio a alguns prémios e à tradução, com as ajudas à internacionalização a assentarem no Instituto Camões (Ministério dos Negócios Estrangeiros). 4. Entretanto, câmaras, bibliotecas e demais instituições multiplicaram iniciativas em que convidam escritores. Por vezes são festivais, por vezes programas ou séries, funcionários, moderadores, entrevistadores ou outros artistas recebem, mas não quem escreve. Presume-se sempre que o escritor está a divulgar os livros e a ganhar pela venda, mesmo quando lhe pedem que fale sobre outro tema, mesmo quando aparece meia dúzia de pessoas e ele não vende nada (e, quando vende, ganha dez por cento). O escritor é, assim, o pretexto de iniciativas que alimentam programações com assalariados e colaboradores, sendo ele o único a deslocar-se para dar o seu tempo e pensamento, quando não textos. Tudo a bem da literatura, mas certamente para mal da literatura que entretanto não está a ser escrita, e dizer isto não menospreza o contacto com os leitores. Para quem o faz com prazer ou por convicção, esse contacto é tão parte do trabalho como dar entrevistas, muitas vezes até um encorajamento ou reajuste. Mas não só o escritor tem o direito, por natureza ou convicção, de apenas escrever, como o prazer e convicção de quem divulga o que escreve não devem ser explorados até ao absurdo de inviabilizar a escrita. Todas estas iniciativas, sempre apertadas de orçamento, têm de buscar alternativas para remunerar o escritor. E as instituições que as programam poderiam pensar em residências, workshops, comunidades de leitores, subsídios, tudo ajudas à criação, através de trabalho pago, de tempo e espaço, ou simplesmente de dinheiro. Uma ressalva: festivais remunerados podem beneficiar leitores e indirectamente a criação, mas os escritores não são malabaristas do sinal vermelho. O escritor escreve; os convites para falar devem partir do seu trabalho; e só ele pode decidir falar de replicantes ou do exílio de Cavaco Silva.”

Que futuro para as lojas do passado? https://www.publico.pt/local/noticia/que-futuro-para-as-lojas-do-passado-1718844

“O antigo está na moda e há quem faça o novo parecer velho. Uma oportunidade para as lojas históricas? Um passeio em Lisboa e no Porto revela sucesso, reinvenção, tristeza. E ameaças. PUB Por entre milhares de braços, pernas e bonecas — novas e velhas, de pano, porcelana ou plástico — Manuela Cutileiro, herdeira do Hospital das Bonecas, aberto desde 1830 na Praça da Figueira, em Lisboa, diz que tudo corre bem com o seu negócio. “Quando vêm ter connosco, as pessoas procuram uma coisa diferente e uma qualidade diferente”, explica. O sucesso de algumas das lojas antigas de cidades como Lisboa e Porto, passa justamente por isso: oferecem exclusividade, historicidade e qualidade. O crescimento do turismo é decisivo. Mas há diferenças importantes entre as duas cidades. No Porto, o negócio tem crescido, as lojas mais tradicionais mantêm-se e o cenário é favorável para quem ali trabalha. Mas em Lisboa há lojas que bamboleiam na incerteza. Os motivos são vários: há concorrência por parte das grandes superfícies e das feiras de rua, e há falta de clientes. Mas, em grande parte, são as novas alterações à lei do arrendamento que estão a causar insegurança, levando alguns estabelecimentos ao encerramento. Recuperar o antigo Há lojas centenárias a fechar, mas há ao mesmo tempo novos espaços a abrir, cujo conceito é, justamente, recuperar um gosto antigo e fazer decorações vintage. Casos como a mercearia biológica Maria Granel, em Alvalade, assente no conceito tradicional de venda exclusivamente a granel, sem embalagens. Também a gerência do Botequim da Graça quis, desde o início, que o espaço fosse decorado “à moda antiga”, semelhante à decoração que existia quando era gerido pela poetisa Natália Correia, em 1969. Depois da sua morte, o bar encerrou e foi reaberto em 2010, com gerência de Hugo Costa. Face à concorrência de outros bares, Hugo Costa, de 34 anos, refere que a solução passa por criar um conjunto de clientes fidelizados. “Este estilo vintage hoje em dia não tem muitas ameaças, aliás, é mais fácil que seja antes visto como uma ameaça para os outros”, diz, explicando que a ideia da decoração atrai muita gente ao Botequim. Tem clientes dos 16 aos 70 anos, mas de nada adianta ter um “espaço muito bonito se o serviço for mau”. “Apesar de termos um estilo vintage, tentamos sempre inovar”, conta, considerando que o negócio está bom e que as críticas têm sido positivas. O aparecimento destes novos negócios que incitam a “reviver o passado” surge da “capacidade de regeneração” das cidades, diz o presidente da Associação de Comerciantes do Porto (ACP), Nuno Camilo. Estes negócios fazem com que se procure “um produto que faça a diferença”, o que atrai mais pessoas. É um círculo vicioso que acaba por ser vantajoso para todos: os que abrem novos negócios e os que, há décadas na cidade, têm como bons vizinhos estes novos comerciantes. No Porto, algumas lojas mais recentes, como o cabeleireiro K-Urban ou a Central Conserveira, apostam, precisamente, numa decoração que mais não é do que uma viagem a outro tempo, mas onde se garante a qualidade do produto. Estes novos espaços tiveram de lutar pelo seu lugar no mercado, mas têm agora público cativo que não se limita aos moradores portuenses. No caso da Central Conserveira, a sócia-gerente Joana Azevedo defende a selecção de produtos nacionais, que muitas vezes não se encontram nos hipermercados: “Procuramos novos mercados, com novos designs, mais apelativos, novas marcas.” A escolha da conserva como produto primordial foi uma aposta ganha, mas os sócios da loja não se ficaram por aqui e criaram uma pequena área de restauração, onde os clientes escolhem a conserva que querem e depois a podem comer a quente, com combinações improváveis: “Servimos sardinha com mel ou cavala com compota. Esta área ajudou ao negócio. Por curiosidade, as pessoas aderiram.” A originalidade faz com que sejam uma escolha para os trabalhadores da cidade, que almoçam por lá, e para turistas, que mesmo não repetindo a experiência por estarem de passagem, recomendam a outros que visitam o Porto. Paulo Guedes, cabeleireiro do K-Urban, também defende que a qualidade é o que mantém os espaços em funcionamento. O salão tem a decoração inspirada na Barbearia Tinoco, que ali começou a funcionar em 1929 e que não pode ser modificada por ser património da cidade, mas a aposta é na modernização de serviços e nas parcerias. “Estamos a crescer todos os anos, até conseguimos fidelizar turistas. Temos também parcerias com hotéis, pelo que temos muito público estrangeiro”, diz o cabeleireiro. O negócio vai bem Em Lisboa, as lojas que têm um carácter exclusivo são das que mais clientes atraem. Um desses casos é a Luvaria Ulisses, no Chiado. Será uma das lojas mais pequenas do mundo, com apenas quatro metros quadrados na área do atendimento. Carlos Carvalho, co-proprietário, diz que o que fascina os visitantes é precisamente o facto de ser uma loja minúscula, de ter uma decoração elegante e “o artigo em si, que é a base de tudo”. Todas as luvas são manufacturadas por trabalhadores da Ulisses, num outro espaço em Lisboa, mantendo o mesmo processo de fabricação usado nos anos 1920. “Estamos aqui há 90 anos. Quem resistiu a todo este tempo, com certeza que se vai manter”, garante Carlos Carvalho. É verdade que há um século todas as senhoras usavam luvas — mesmo no Verão — e que agora as usam apenas por necessidade, quando está frio. Ou seja, “o mercado nacional passou a ser sazonal e isso sentiu-se no negócio”. “Mas no Verão temos os estrangeiros”, diz. E assim equilibram as contas. Também o Hospital das Bonecas se insere na categoria “exclusividade”. É dos únicos estabelecimentos deste género no mundo e, para além do restauro de bonecas, também “cura” peluches e objectos de cerâmica. Outro dos serviços é a confecção à medida de trajes de Carnaval tradicionalmente portugueses — ainda que também façam fatos de príncipes e princesas —, uma oferta que gera anualmente “muitas encomendas”. “Já passámos por tantas crises que, mais crise, menos crise, vamos sobrevivendo e o negócio está estável”, diz Manuela Cutileiro. “As coisas não vêm aqui parar pelo valor comercial, mas pelo valor afectivo”, diz a dona do hospital, que também funciona como museu, o que faz com que receba diariamente visitas de muitos turistas. No Porto, a Rua Sá de Bandeira é um dos muitos exemplos do poder do comércio na Baixa da cidade. Para além das inúmeras lojas, a artéria é a ligação para muitas outras ruas onde o comércio tradicional está vivo e de boa saúde, e onde a oferta mais moderna encontrou espaço. Luísa Vilas Boas é sócia-gerente do Bazar Paris há 23 anos, mas o espaço tem mais de 100. A loja, que a princípio vendia outro tipo de produtos, como perfumes vindos de Paris, especializou-se em brinquedos e artigos de coleccionismo: “Acredito que o nosso sucesso vem da oferta de produtos diferenciados, que não se encontram nas grandes superfícies.” António Almeida Reis, dono da Pérola do Bolhão, uma mercearia com 98 anos numa das ruas do mercado, acredita que, no seu caso, a escolha recai muitas vezes na sua mercearia e não noutras porque “pesa a granel” e tem “o bacalhau como especialidade”. O comerciante não sentiu a crise: “Nunca pensámos em fechar!”, exclama. E nem a grande quantidade de mercearias do género à sua volta o demoveu: “Esta zona agora é um sítio de muita passagem, dá para todos!” O aumento dos turistas é visto como uma vantagem. Em 2015, exemplifica, vendeu muito vinho do Porto e café a estrangeiros. Já se viveram melhores dias A atracção que estas lojas exercem é fácil de explicar — lá dentro estão bocadinhos da história das cidades, um local onde muitas vezes o interlocutor é alguém que, também ele, tem muitos saberes para partilhar. “Quando perdemos estas lojas, perdemos também o saber-fazer, porque muitas delas têm associados pequenos ateliers”, diz Catarina Portas, fundadora da cadeia de lojas A Vida Portuguesa. “São lojas que marcam as cidades em que se inserem”, sublinha Carla Salsinha, presidente da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS). Ajudam a definir “o carácter e a personalidade de uma cidade”, nas palavras de Catarina Portas. E, no entanto, sucedem-se os casos de encerramento. Porquê? “Indiscutivelmente, a lei do arrendamento”, responde Salsinha. “A maior parte destas lojas são arrendadas.” É o caso da papelaria Au Petit Peintre, na Baixa de Lisboa desde que abriu portas, em 1909. “As nossas casas, infelizmente, estão sentenciadas à morte”, diz José Dominguez, dono da papelaria mas não do imóvel. “Quando não se é proprietário de uma loja, não se podem criar sonhos porque podem ser destruídos em um ou dois dias.” A loja vende tudo o que tem a ver com papelaria, pintura e tipografia. “Se temos gráficos de vendas que vão mal, a pique, não é por falta de coisas para vender”, diz, explicando que nota uma diferença na procura e acredita que há uma política de medo: “Antes de se comprar alguma coisa, a pessoa tem de pensar três ou quatro vezes.” Dominguez reconhece que os centros comerciais são importantes para as cidades, mas sublinha a grande diferença no atendimento feito nas grandes superfícies e nas lojas tradicionais. “São precisos contadores de histórias, pessoas que tenham material puro e verdadeiro.” Por exemplo: em 1928, a Au Petit Peintre, conta, editou o Jornal da Mulher, uma publicação defensora da emancipação da mulher. Na sua papelaria, chegaram a trabalhar seis pessoas. Hoje, é só ele. José Dominguez é artista plástico e está aqui desde 1963. “Temos dias bons, dias menos bons e dias maus. Hoje, vejo esta parte nobre de Lisboa transformada em feiras”, lamenta. “E as lojas que têm os seus encargos a nível de fisco e de licenças estão sujeitas a uma concorrência desleal.” Celestino Almeida trabalha há 52 anos na mercearia Pérola de São Mamede, no número 19 da Rua Nova de São Mamede, em Lisboa. “Antes trabalhava aqui eu e a minha mulher, agora sou só eu. Qualquer dia nem eu, estou a ficar velho.” Tem 83 anos e diz que o negócio está “péssimo”. Explica que as grandes superfícies são uma das razões para o mau negócio. Outra é o aumento da renda: passou de 37 euros para 172. “O futuro está muito incerto, em tudo.” Não sabe se a mercearia conseguirá sobreviver. Para já, salvam-na os “velhinhos”, clientes habituais, e os turistas. No Porto, apesar de parecer que este tipo de negócios não enfrenta problemas, nem sempre foi assim — a última recessão económica, em 2011, fez baixar os lucros. No entanto, para estes comerciantes, fechar nunca foi alternativa. Uns reinventaram-se, aproveitando a nova vaga de turismo. O pior é quando os turistas não são compradores, apenas curiosos. “Os turistas só entram para tirar fotografias!”, queixa-se Israel Matos, dono da Cardoso Cabeleireiros. Um problema que levou a Livraria Lello, um ícone histórico da cidade, a começar a cobrar entradas. Israel vende perucas, naturais e sintéticas, numa loja que abriu em 1906. Apesar de não ter sentido qualquer efeito da recessão, os motivos pelos quais tal acontece não são os melhores: “Esta loja viveu muitos anos do teatro, vendíamos para muitos pontos do país. Actualmente, a loja sobrevive da doença da morte”, explica Israel, referindo-se a doenças oncológicas. “Antigamente vendia-se uma peruca por vaidade, hoje é por necessidade.” O investimento e a inovação parecem ser o segredo destas lojas, que querem manter-se de pedra e cal na cidade. Na Cabeleireiros Cardoso, Israel diz querer “continuar a investir no mesmo ramo, mas noutras tecnologias”: “Temos de acompanhar a evolução, é o que vou continuar a fazer.” Já Luísa Vilas Boas apostou em manter o produto, mas aumentar a oferta aos clientes: “Quando fiquei na gerência, abri mais uma loja, na Boavista. Há dois anos abrimos a loja online, para que mais pessoas consigam chegar até nós.” A aposta acaba por levar o Bazar Paris a todo o país, e parece estar a dar frutos: “Desde o início que teve sucesso, mas neste Natal atingimos todos os picos de vendas.” O segredo do negócio na Bazar Paris é o mesmo de todas as outras lojas: “É importante que se alie a tradição à modernidade”, defende a gerente. E é por isso que investe sempre em produtos que recordem os velhos tempos: “Continuamos a ter o brinquedo tradicional, como o pianinho, o cavalo de baloiço, o pião. São artigos modernos, mas que remetem para o antigamente.” Na Pérola do Bolhão a aposta é na continuidade: “Temos de manter a qualidade, aviar bem os clientes, manter os preços de mercado”, relata o proprietário, que não avista o fim da mercearia: “Espero, pelo menos, chegar aos cem anos [da loja]! Depois, alguém tomará conta.” Para Paulo Guedes, do K-Urban, o caminho deverá fazer-se sempre focado no cliente: “Na Suíça, onde cresci, há o label ‘qualidade suíça’. As pessoas apostam na qualidade e deveríamos todos fazer o mesmo no nosso país. Apostar menos na embalagem e mais na qualidade do produto ou do serviço.” Já Joana Azevedo, que sentiu alguma relutância quando abriu o negócio — “ainda havia um grande preconceito em relação à conserva” —, acredita que apostar na restauração aliada à mercearia de conservas foi um bom impulso para o negócio, uma vez que serão a única loja na cidade que serve conservas “a quente”. Sentença de morte? Voltando a Lisboa, o panorama é muito menos brilhante do que no Norte. O restaurante Palmeira fechou há uns dias, depois de ter sido decretada a venda do edifício em hasta pública e de os novos proprietários terem decidido fazer obras no prédio. Também a loja da fábrica de Sant’Anna, que faz 100 anos este mês, recebeu uma ordem de despejo para que o grupo Visabeira possa avançar com a construção de um hotel no mesmo edifício. Foi apresentada uma contestação pelos dirigentes da loja, daí que ainda se encontrem na Rua do Alecrim, a aguardar resposta. A Ginjinha sem Rival esteve à beira de fechar para que no edifício nas Portas de Santo Antão nascesse mais um hotel, o que não chegou a acontecer por intervenção da câmara municipal. “Qualquer dia, vem-se a Lisboa para ver hotéis”, ironiza José Dominguez, ao balcão da Au Petit Peintre. “Há cerca de um ano, ouvimos o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, dizer que por ele nunca o histórico café Guarany sairia de onde estava. Em Lisboa, nunca ouvi nenhuma declaração dessas, não há um único sinal público em relação às lojas históricas”, diz Catarina Portas. Aliás, sublinha, pelo contrário. O Lojas com História, programa lançado em 2015 pelo município, “está parado”. A fundadora de A Vida Portuguesa integra o conselho consultivo deste programa. Ainda chegaram a ser definidos os critérios de acordo com os quais um estabelecimento emblemático da cidade poderia receber o selo Lojas com História, explica. Era suposto iniciar-se agora o levantamento dos que poderiam receber uma protecção especial, à luz desses critérios. “E estudou-se o que foi feito noutras cidades, porque este problema não existe apenas nas cidades portuguesas. O comércio mudou muito, profundamente”, em muitas partes do mundo. “Não vejo, contudo, neste momento, ninguém para continuar esse programa”, lamenta Portas. E, no entanto, as lojas da cidade vivem os efeitos de uma espécie de tempestade perfeita, criada pela conjugação de três factores que, “por si só, seriam positivos”, mas que juntos “são uma tragédia”: a lei do arrendamento; “o pico de turismo que se vive em Lisboa” e “o interesse de vários fundos de investimento estrangeiros em imobiliário”. Apelos à mudança de lei No final de Novembro, foi criada pelo movimento Fórum Cidadania Lx uma petição online intitulada “Por uma nova alteração à lei do arrendamento, pela salvaguarda das lojas históricas”, que tem mais de 850 assinaturas. Face ao “encerramento em avalancha de lojas antigas”, são apontados como motivos algumas das alterações introduzidas na lei do arrendamento, nomeadamente os “aumentos exorbitantes” das rendas, a não consideração da especificidade dos estabelecimentos comerciais, a denúncia do contrato no caso de haver projectos de remodelação ou restauro nos edifícios em que se inserem as lojas, muitas vezes para fins turísticos. Assim, é pedido que seja introduzida na lei uma cláusula de salvaguarda específica para estas lojas. Uma moção também apoiada pela União de Associações do Comércio e Serviços, que considera fundamental fazer tudo para salvar estas memórias vivas das cidades. “São lojas que estão localizadas nas zonas nobres da cidade e que estão inseridas em prédios que são vendidos para fundos imobiliários com o objectivo de, a maior parte deles, serem transformados em estruturas de hotelaria”, explica a presidente da associação, afirmando que as empresas fazem obras profundas e dão ordem de despejo, o que, aliás, “têm todo o direito de fazer, não é uma ilegalidade”. Mas pode ser uma “incoerência”, já que faria “todo o sentido se as lojas permanecessem inseridas dentro de um hotel, por exemplo, seria até uma mais-valia”, defende Carla Salsinha. Além das responsabilidades assacadas à lei do arrendamento e aos apetites imobiliários pelo encerramento das lojas, soma-se a falta de rentabilidade do negócio, mas a presidente da UACS diz que esses serão casos “minoritários”. Salsinha espera que sejam implementados os mecanismos de salvaguarda deste comércio, já definidos — falta a aprovação pela Câmara Municipal de Lisboa. “Enquanto não estiver tudo regularizado, acredito que muitas mais lojas irão fechar ao longo de 2016”, afirma, dando como motivo a crescente afluência de turismo na cidade, o que não deixa de ser bom, mas apenas “por um lado”. É que, como diz Catarina Portas, é em nome do turismo — nomeadamente da construção de hotéis para o receber — que se deixam as lojas históricas fechar, o que é um contra-senso. Há quem não veja problemas nas ordens de despejo dadas às lojas históricas, pois estas poderão sempre abrir noutro sítio. Mas Carla Salsinha contrapõe que, com a mudança, perderiam totalmente a sua essência. “Se mudarmos o comércio de tradição da Baixa para Campo de Ourique ou para a Avenida de Roma, não será a mesma coisa”, diz, acrescentando que “são também estas lojas que fazem os turistas ir à Baixa, à procura delas”. É uma simbiose: as lojas precisam dos turistas e os turistas procuram as lojas. No Porto, é diferente. Tanto as lojas históricas como as mais modernas atraem cada vez mais população a uma zona da cidade que sofreu com a descentralização, aquando da abertura de centros comerciais. Hoje, o comércio volta a dar vida à Baixa da cidade e a chamar turistas. O mercado não parece, de todo, saturado, e o presidente da ACP, Nuno Camilo, vê mais possibilidades para diferentes públicos num futuro próximo: “O Porto precisa de dar um salto para o turismo de negócio à escala internacional, começar a receber eventos com pessoas com mais poder de compra.” O S. João ou os jogos de futebol a nível internacional são uma forma de atrair mais públicos, considera. Mas, mesmo agora, o cenário é de optimismo: “Na área do comércio e serviços, fecham duas lojas por dia na zona da Grande Lisboa; na do Grande Porto, abre uma”, diz Nuno Camilo. Na sua opinião, há um segredo para este sucesso do Porto: sinergia — toda a cidade se envolve, toda a cidade se empenha. Mais pessimista está Carla Salsinha: “Acredito que no Porto vá acontecer exactamente a mesma coisa que está a acontecer agora em Lisboa.” O problema, defende, tem muito que ver com a pressão turística, “boa para a cidade, mas que tem estas repercussões”, nota. “No Porto, esta pressão começou ligeiramente mais tarde.” com A.S.”

Dito isto, espero com muita produtividade e boa energia para começar bem 2016. Se for preciso uma ajuda, ouça uma destas 16 músicas que vão fazer agora 50 anos. Bem boas

Ler mais! http://www.google.com/url?q=http%3A%2F%2Fobservador.us8.list-manage.com%2Ftrack%2Fclick%3Fu%3Ddd553a10117d74627360c12ca%26id%3Ddaf3dd48e3%26e%3D0699c84ca3&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNFSTQ9LzyCnnLHsTYZ4kS6VPNdewg

Por aqui me fico… e claro, com o desejo de um fantástico ano de 2016!  Até ao próximo click!
publicado por Musikes às 12:19 link do post
03 de Janeiro de 2016

“Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo. Aparte isso, eu tenho em mim todos os sonhos do mundo.” Fernando Pessoa

GRANDES MÚSICAS… GRANDES ÉPOCAS!...

Deixando o espírito natalício invadir os nossos corações, aqui ficam mais uns tantos Ho-Ho-Ho’s de Ano Novo.

Christmas in New Orleans http://videos.sapo.pt/voDzDMV40Ob0H5HbrqOO

Mrs Santa Claus http://videos.sapo.pt/WzD9kM5kovgiPb1JdDcZ

Sleigh Ride 1 http://videos.sapo.pt/imk5Gn8MRcMS7UEUShzc

Sleigh Ride http://videos.sapo.pt/KTTUiNJL3ZikpMG32ljE

I Saw Mommy Kissing Santa Claus http://videos.sapo.pt/i1tdkLzoO2Usq5zaEySa

Jingle Bells http://videos.sapo.pt/k2bQvkyDR4T1RVjpLHVA

Deck the Halls http://videos.sapo.pt/SK44GRZ09s0IH7TuhlOU

Here Comes Santa Claus http://videos.sapo.pt/ZcJii1RrmuINTCTrpzT2

Zat You Santa Claus http://videos.sapo.pt/QV7RFSDJS5RJmUTOgtok

Merry Christmas Polka http://videos.sapo.pt/QQmImuYZowgdn3rWUijZ

O Christmas Tree http://videos.sapo.pt/0dZBKlMwLkyd9wCWP8Dc

Band Aid - Do They Know Its Christmas Time http://videos.sapo.pt/n0AMLqzdZHubTG4GNZHq

Novas descobertas aí vêm. Novos horizontes musicais a desbravar. Novas audições a escutar, pois, elas são um forte contributo para a nossa cultura musical.

Por isso!... Não percas o próximo post… porque nós… também não!!!
publicado por Musikes às 19:05 link do post
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