No “Gotinhas” desta semana, estas e outras novas que passaram. De volta à cultura e suas notícias!
Apresentação da programação da Feira do Livro Ver Apresentação da programação da Feira do Livro http://blogtailors.com/apresentacao-da-programacao-da-feira-do-7977847
Placa de Homenagem a Agustina Bessa-Luís | Um objeto e seus discursos por semana Porto Cultura – Conta Institucional<portocultura@cm-porto.pt> http://www.google.com/url?q=http%3A%2F%2Fmailing.cm-porto.pt%2Ffiles%2Fcultura%2F01092015_webflyer_19a.jpg&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNG9b0tNQ5nXLFV0c75MUkf5c46HrA
Em Setembro na Casa da Música...
Em Destaque Trangressões 12 Set a 09 Out Giordano Bruno 12 Setembro
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Transgressões 12 Set a 09 Out Giordano Bruno 12 Set Brahms Trio 15 Set Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música 18 Set Anikibebé 20 Set 2015 Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música 20 Set 2015 Harmos Plural 20 Set 2015 Prémio Santa Cecília 22 Set 2015 Orquestra Metropolitana de Lisboa 23 Set 2015 Fado à Mesa 25 Set 2015 Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música 26 Set 2015 Na Ponta dos Dedos 27 Set 2015 Coro Casa da Música 27 Set 2015 Setembro
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E que tal… umas dicas antes de começar a trabalhar? Regresso ao trabalho: custa, mas pode custar menos
Chegou aquela altura do ano, mas calma. Falámos com especialistas para que o regresso à rotina não seja tão doloroso e ainda reunimos dicas para ser mais produtivo e criar um bom ambiente de trabalho.
num click… http://observador.pt/2015/08/30/regresso-ao-trabalho-custa-pode-custar-menos/
Qual a música que mais tocou no dia em que nasceu?
“UB40, Boyz II Men, Elvis Presley e outros artistas dominaram as rádios quando os trabalhadores do Observador nasceram. Oiça-as e descubra qual a música do seu dia de anos...”
Num click… http://observador.pt/2015/08/22/qual-musica-tocou-no-aniversario/
“Mais uma ferramenta que dá ao seu aniversário um significado ainda mais especial. E desta vez é preciso recorrer à música: a Playback FMinventou uma ferramenta que lhe diz a música mais tocada na rádio no dia em que veio ao mundo. Basta que coloque a sua data de nascimento. E não se fica só por aí: o site recua nove meses a partir da data inserida e até lhe diz qual a música mais tocada no dia em que terá sido concebido. E nem precisa de sair da aplicação para ouvir a sua canção, já que a ferramenta apresenta-lhe o vídeo existente no YouTube. Por baixo, tem ainda aOPORTUNIDADE de saber há quantos minutos está vivo.
Músicas do mundo ou músicas de fora da Europa?
“Façamos o seguinte exercício. Imaginemos que na década de 70 do século passado um artista e produtor musical indiano, motivado por uma enorme curiosidade, viaja para a Europa em busca de músicas e de compositores desconhecidos na Índia. Numa das belas festas da Primavera em Viena de Áustria ouvirá um concerto que gravará num Nagra e numa cidade italiana, num casamento em Nápoles, gravará por sua vez canções que, suspeita, fariam parte de uma ópera. Satisfeito, regressará à Índia e aí fará ouvir estas e outras gravações a que chamaria músicas do mundo. É um exercício fantasioso por diversas razões, uma das quais decorre do facto da música consagrada ocidental se ter imposto em muitas regiões do globo, dentro de uma lógica de cânone universal. Mas na verdade foi precisamente este o exercício que fizeram artistas ocidentais particularmente interessados em formas musicais originárias de outras regiões, sustentadas em instrumentos desconhecidos com sonoridades inusitadas. Viajaram pela Índia, África, Médio Oriente, Austrália e gravaram essas músicas, não tendo tido particular cuidado nos contornos etnomusicais a que tal fixação obrigava, nem tendo feito a investigação necessária que determinasse o nome dos compositores, letristas ou grupos e, no caso das músicas tidas como tradicionais, sem especificar a sua origem concreta. Por isso, num gesto de alguma simplicidade, designaram esse arquivo, que transportaram para a Europa e para os EUA, como Músicas do Mundo. Entre os vários colectores destaque-se Robert E. Brown e David Byrne, em particular este último que cedo acabaria por ser um crítico impiedoso da expressão Músicas do Mundo – “I hate world music”. Uma das razões para esta posição de Byrne tinha a ver com o facto de que a expressão mais não era do que uma fórmula de marketing comercial assente na ideia de que as gravações ou concertos com esta marca se reivindicavam como alternativos e autênticos. Nesta forma de tratar com igual valor todas as músicas do mundo, fica-se também privado da dimensão política das canções, do simbolismo de muitas dessas composições e também da relação de entendimento de classes, conforme as origens regionais destas músicas. Por sua vez esta autenticidade e esta alternativa decorriam de serem originários do mundo, o que, nesta linguagem, quereria com certeza dizer, originários de um mundo selvagem, puro, tradicional, sem estarem maculados pela distribuição capitalista, em suma, de um mundo perfeito do qual se teria de subtrair a Europa e os EUA. Quando apresentados neste mundo ocidental, estes concertos criavam uma réplica de espaço festivo original e que acontecia de preferência em locais naturais, até, pouco tempo depois, terem sido integrados também em salas de espectáculos urbanas e até de reportórios eruditos ocidentais. Ora o que está em causa nesta reflexão não é a presença de concertos de bandas, músicos, orquestras, cuja origem é não europeia. Bem pelo contrário, tal presença é um sinal de cosmopolitismo e é desejável que muitas mais obras e mais diversas ainda possam ser apresentadas nas programações musicais entre nós. O que está em causa é o modo de olhar e de promover estes concertos ou as gravações de origem não ocidental, tomando-os como subalternos em relação às de origem erudita ou pop europeias; tomando-as como se todas fizessem parte de uma mesma música global e uniformizada de que, talvez, apenas se diferenciem o ritmo e alguns instrumentos. Pensar as Músicas do Mundo quer dizer pensar o mundo como um depositário de factos e de acontecimentos – neste caso musicais – a partir do qual se pode coligir, conforme uma agenda ou uma vontade de um protagonista. Ora com a necessária precisão de linguagem, diz-nos Nelson Goodman que “não encontramos no mundo senão o que lá tivermos posto” e o que a expressão Músicas do Mundo impõe é uma subalternidade destas músicas, acrescida muitas vezes do anonimato do autor e do compositor e da negação da relação de muitos compositores não ocidentais com a sua contemporaneidade, uma vez que são remetidos para um género musical ao qual se retirou a história. E atente-se ainda como além de se retirar a história dessas músicas, retira-se também o contexto de onde as mesmas surgem e uma parte substantiva da sua comunicabilidade quando são cantadas. Tantas são as vezes que as mesmas instituições que tanto investem em programas de sala - com traduções integrais de libretos, notas bibliográficas sobre os compositores e intérpretes, tradução de árias – mais não fazem que distribuir, nos concertos das músicas do mundo, uns folhetos com o nome da banda e por vezes a citação de um crítico sobre um concerto dado como publicidade. É assim que belos poemas iranianos, canções árabes ou versos em língua Xhosa nunca são apreciados pela maioria dos públicos ocidentais, porque nenhuma forma de tradução dos mesmos aparece impressa. Como reagiria uma audiência se na projecção de um filme russo não aparecesse a legenda com a tradução dos diálogos ou das leituras, limitada à audição do ritmo musical das palavras? É que há uma dimensão local que as obras transportam consigo e que lhes é retirada, quando são mescladas num universo sem quaisquer referências como é o das músicas do mundo. Nesta forma de tratar com igual valor todas as músicas do mundo, fica-se também privado da dimensão política das canções, do simbolismo de muitas dessas composições e também da relação de entendimento de classes, conforme as origens regionais destas músicas. Enquanto as músicas africanistas e latinas são tidas como géneros populares, promovidos e recepcionados como tal, as de origem indiana ou japonesa são apresentadas com protocolos mais sofisticados. Isto porque o orientalismo foi sempre considerado na Europa como um género literário e artístico erudito, a exigir salas e públicos da música erudita. É pois necessário dar visibilidade ao local de origem destas músicas e começar por retirá-las desta designação informe e tão ahistórica que é Músicas do Mundo.”
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DESTAQUE do GOTINHAS CULTURAIS?
“O ensino é muito mais do que uma atividade técnica”
Maria Assunção Flores, investigadora do Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho, foi homenageada no Japão. A docente esteve no Japão e na Nova Zelândia e conta quais os assuntos educativos abordados. A formação de professores foi um dos temas analisados.
NUM CLICK… http://www.educare.pt/noticias/noticia/ver/?id=77203
““O Ensino do Futuro, Hoje” foi o tema em destaque na Nova Zelândia. Discutiram-se os desafios e exigências do ensino na atualidade no sentido de preparar os alunos para um futuro que está próximo mas que é incerto e complexo. “O tema do congresso capta bem o sentido de urgência, de entusiasmo e de desafio que enfrentamos nos tempos atuais, em particular as abordagens que têm impacto no envolvimento dos alunos na sua aprendizagem”, refere Maria Assunção Flores. O ensino é uma atividade sofisticada e complexa. Chegaram-se a várias conclusões. O ensino e a aprendizagem não podem ser entendidos apenas como transmissão e receção de conhecimentos. O ensino envolve a gestão de dilemas pedagógicos e que estão no âmago da qualidade da prática docente e que é necessário explicitar. O ensino não é um processo linear, mas complexo e é necessário entendê-lo como problemático e sofisticado e que não se compadece com soluções simplistas e lineares. (…)”
Ao virar da página…
Álvaro de Campos beija-os a todos na boca
“1. Não desci do comboio como Álvaro de Campos porque já não havia bilhetes. Tudo esgotado: o comboio via Faro, o próximo barco, o polvo no barro, a sardinha assada. O ex-pescador Ostílio acaba de bater o seu recorde de transferências de Tavira Cidade/City para a Ilha/Island, uma vida nas redes, outra no ferry boat, a que ele chama reforma. Tem cara disso, engelhada de sol, e um nome que eu nunca tinha ouvido, pelo menos no masculino.”
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“2. Tudo é velho onde fui novo, achou Campos, descendo do comboio aos 41 anos. Seis anos mais à frente, digo de outra forma, tudo é novo onde sou velha. Certo que Tavira não é a vila da minha infância, mas em Lisboa parece-me o mesmo (e tudo também esgotado, do cacilheiro à calçada). Já sei, é melhor que morrer de fome, e até me dizem que este ano o Algarve não está assim tão cheio. 3. Na verdade, não sei, só vi o pedaço de Faro a Tavira, e da última vez que tinha estado no Algarve ainda não se vendiam garrafas de meio litro de azeite a vinte euros, mesmo comprado no olival de origem, porque é um dos melhores do mundo, ao mesmo tempo que a pracinha da igreja de Tavira oferece uma variedade de aproximadamente vinte e três restaurantes indianos. Hoje, em Tavira Cidade/City os vendedores das lojas dos trezentos, que já não são dos trezentos, nasceram no Rajastão, usam turbante e vendem sardinhas de loiça. Entretanto, Álvaro de Campos, além de rua e biblioteca, é uma rota cultural incluindo a varanda onde escrevo. Ainda não localizei o Álvaro de Campos Coffee Shop & Restaurant, mas as críticas no Tripadviser contêm frases como I love Álvaro de Campos for the best vegetable soup in the world. Ah, amado ao nível do estômago, processado em forma de legume, um Álvaro de Campos enfim concreto, orgânico, vivo, depois de tanta vontade de tudo, o gatuno de estrada, as sombras na viela, as prostitutas, todos beijados na boca, pelo menos um momento, (Meu coração banco de jardim público, hospedaria, estalagem, calabouço número qualquer cousa (aqui estuvo el Manolo en vísperas de ir al patíbulo) meu coração clube, sala, plateia, capacho, guichet, portaló, ponte, cancela, excursão, marcha, viagem, leilão, feira, arraial, meu coração postigo, meu coração encomenda, meu coração carta, bagagem, satisfação, entrega, meu coração a margem, o limite, a súmula, o índice, eh-lá, eh-lá, eh-lá, bazar o meu coração) (…)”
Conferência internacional: Aprender com as histórias na sala de aula
Nos dias 25 e 26 de Setembro vai decorrer em Beja a Conferência internacional: Aprender com as histórias na sala de aula.126_4e300b01-edce-4a24-bd40-caec7b01312b-1_786x804O TALES – Stories for Learning in European Schools é um Projecto Multilateral Comenius que procura divulgar técnicas de narração oral no contexto da sala de aula, desenvolvendo metodologias e recursos pedagógicos.
Num click… https://lerebooks.wordpress.com/2015/09/05/conferencia-internacional-aprender-com-as-historias-na-sala-de-aula/
“Ao longo dos dois anos, a equipa envolvida no projecto – da qual fazem parte especialistas de instituições dedicadas ao ensino e à narração oral de diversos países europeus – pesquisaram abordagens e metodologias de aplicação da narração oral em contexto pedagógico, identificando casos de estudos, recursos e materiais, e desenvolvendo projectos-piloto em várias escolas europeias. O resultado deste trabalho é agora apresentado numa conferência internacional que terá lugar em Beja, organizada pelo investigador Luís Correia Carmelo em parceria com a Câmara Municipal e a Biblioteca José Saramago. ProgramaAs inscrições, gratuitas, podem ser feitas enviando um email para ouvircontar@gmail.com url q=http%3A%2F%2Ffeeds.wordp…”
A humanidade eliminou metade das árvores do planeta
Um estudo sobre o meio ambiente concluiu que a Humanidade já destruiu 46% de todas as árvores do planeta Terra. O estudo publicado na Nature reúne os dados de três censos diferentes e conclui que existem 3,04 biliões de árvores no planeta. Estas estimativas são positivas, pois os dados anteriores mostravam que existiam menos árvores. Também neste estudo se concluiu que a Humanidade já acabou com 46% de todas as árvores do planeta. Os investigadores analisaram medições da densidade de árvores em todos os continentes, exceto na Antártida, cruzaram esses dados com informações de satélite sobre o clima, topografia e construções humanas e criaram modelos que permitem prever a densidade em todo o mundo, baseados apenas em um quilómetro quadrado. Os cientistas concluiram que os humanos destroem 15,3 mil milhões de árvores por ano e que as regiões dos trópicos são as mais afetadas, mesmo sendo as que mais árvores têm, com 1,39 biliões de espécimes. As árvores oferecem vários serviços críticos para manter o ecossistema, como assegurar a limpeza das águas, criar terrenos féreteis, providenciar comida e material para construção, sem contar com o contributo para sequestrar carbono e manter um clima estável. O ritmo de destruição a que estamos a assistir terá de abrandar, sob pena de o futuro ser bastante diferente do presente que conhecemos.
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Os livros mais populares ao longo da história
“Contabilizando o número de edições, de traduções e de número de exemplares vendidos o sítio Lovereading.co.uk compilou uma lista dos livros mais populares da história. Da Odisseia de Homero ao Código Da Vinci de Dan Brown a lista para conhecer, aqui.”
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Notas para um século surpreendente
“Está tarde já. Parece muito cedo, mas está tarde. Tem gente morrendo por aí, gente íntima e gente privada, há explosões acontecendo bem no meio de nossos quartos, em nossos banheiros, na testa de nossos filhos. Alguns de nossos filhos pertencem ao futuro. Está tarde, por enquanto está tarde, faz tanto tempo desde a última vez que fomos até à entrada do rochedo, mais tempo ainda desde que mergulhámos na enseada e nos deparámos com o coral, com o brilho, com a coloração perfeita que fazia lembrar a transumância. Tenho pensado na palavra transumância. Tenho pensado muito naquele excerto do diário de Pavese que fala dos mitos e da atenção, dos símbolos, dos nomes. Nalgum momento, ele diz qualquer coisa como: estamos convencidos de que uma grande revelação só poderá sair da teimosa insistência numa mesma dificuldade. E também: sabemos que o modo mais seguro — e mais rápido — de nos espantarmos é fitarmos impávidos sempre o mesmo objeto. Segundo Cesare Pavese, é pela atenção e pela repetição que acontece o estouro do milagre. Ainda acredito em milagres. Ficou tarde de repente e alguns de nós não podem dormir, por muito que nos esforcemos só sabemos passar noites em branco fixando a parede e as sombras na parede. Ficamos até de madrugada brincando com as mãos e com o recorte delas, pelo menos a luz ainda incide sobre nossas mãos, há qualquer coisa de magia nos desenhos noturnos que se projetam nos tapumes de nossas casas, de nossas cavernas, de nossos ilusórios covis. Sim, fitamos impávidos sempre o mesmo objeto. Somos pessoas atentas, pelo menos deveríamos ser, piscamos os olhos devagar para que não se cansem nossas pálpebras, está tudo entrando por nossa cara adentro ao ritmo de um murro de Joe Frazier. Joe chegou a derrotar Muhammad Ali, cuidado. É preciso poupar nossas caras, nossos narizes, nossas línguas. A língua, essa, está muito relacionada com o segredo — é debaixo dela que guardamos o tesouro. Como uma criança que guarda um caroço de cereja na boca durante um dia inteiro, nós seguramos nossos segredos por meses seguidos. Só o segredo nos salvará mais tarde, muito mais tarde do que isto, agora é o tempo da transição e dos desastres aéreos, o tempo da descoberta de planetas muito semelhantes ao nosso mas a 1400 anos-luz daqui, o tempo da morte dos campeões, dos camponeses e dos escritores. Nunca se viu um ano como este, ou talvez sim, todo ano é uma foice e a foice da temporada 2015 está levando tantas cabeças. Pense no Herberto, no Manoel, pense no Galeano, pense no James Tate, estávamos tão distraídos quando morreu Tate, e os poemas dele são círculos tão absurdos quanto costurados pela linha da esperança — às vezes acho que é só disso que precisamos, precisaríamos, um cordel tosco e ao mesmo tempo iluminado, um objeto meio bola de praia, meio ostra, meio plástico meio talismã. Está tarde, talvez estejamos só cansados. Somos os descendentes do passado e o passado sempre foi meio esquisito, aprendemos a ler pelo mapa dos transportes públicos, subiu tanto o preço dos transportes públicos, os mapas das cidades se alteraram, há um desenho novo a cada esquina, só o desenho de nosso corpo não mudou e até isso é mentira. Nossos corpos vão se renovando a cada dia, a cada hora, agora que penso nisso: graças a Deus. Somos o reflexo da cordilheira. Fomos abençoados com a possibilidade do movimento, o constante movimento entre as falésias, abençoados com as tardes de verão e com o cinema que surgiu das cabeças francesas debaixo de um certo sol, foi-nos dada a estufa fria para de dentro dela poder contemplar a natureza que rebenta com tudo lá fora, foram-nos concedidos os vidros e o poder dos vidros. Fomos abençoados com a manhã, com o suor e com as coisas que conseguimos fazer com nosso suor até aos trinta e oito anos, foram-nos concedidas igrejas e cavernas e toda a espécie de templos que impressionam o silêncio, temos a possibilidade do templo em nosso próprio eixo humano, veja bem que sorte a nossa. Estamos atentos, estamos calados, estamos fixando sempre o mesmo objeto. Repetimos os nomes e os gestos para que nos possamos aproximar da realidade. Mito e realidade, que surpresa, afinal é tudo o mesmo. Está tarde, hoje a morte não entrou por nossos túneis, e é muito devagar que vamos movendo os animais para a montanha, da planície para a montanha, de casa para casa. Talvez esta noite possamos dormir em paz. Porque agora em nossas mãos está escrito a carvão aquele trecho de um poema do Pavese, que diz: “Lá fora, depois do jantar, virão as estrelas tocar/ a grande planície da terra." É debaixo deste silêncio que acontece o estouro.”
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"Diga-me eu esquecerei, ensina-me e eu poderei lembrar, envolva-me e eu aprenderei. - Benjamin Franklin"
Por aqui me fico, e… boas leituras! Até ao próximo click!