O centenário cumpre-se apenas daqui a um ano, a 6 de Novembro de 2019, mas a equipa responsável pela celebração escolheu a data do 99.º aniversário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) para a apresentação de um programa que praticamente tomará todo o próximo ano.
O extenso calendário de iniciativas foi apresentado, esta terça-feira, na sede do Centro Nacional de Cultura (CNC), em Lisboa, e vai incluir, naturalmente, muita poesia, edição de novos livros, conferências e colóquios em volta da obra da grande poeta nascida no Porto, mas vai também estender-se a todas as artes que a escrita de Sophia tocou e convocou: da música à dança, do teatro às artes plásticas.
Para o dia do centenário está já agendado um concerto comemorativo pela Orquestra Sinfónica Portuguesa no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, que “apresentará alguns dos novos talentos do canto lírico em Portugal”, anuncia a comissão coordenadora do programa, constituída por Maria Andresen de Sousa Tavares, filha de Sophia, Guilherme d’Oliveira Martins, da direcção do CNC, José Manuel dos Santos, da Fundação EDP, e Federico Bertolazzi, professor da Universidade de Roma Tor Vergata.
A capital italiana será, de resto, uma das cidades por onde vai passar a evocação da autora, que chegará também ao Rio de Janeiro. As duas cidades vão acolher outros tantos colóquios. O do Brasil, a decorrer de 2 a 5 de Setembro entre o Real Gabinete Português de Leitura e a Faculdade de Letras da Universidade do Rio de Janeiro, vai abordar as relações da obra de Sophia com a de outro vulto da literatura portuguesa, Jorge de Sena (1919-1978) – cujo centenário curiosamente ocorre também em Novembro do próximo ano (dia 2). Comissariado por Gilda Santos, Eucanãa Ferraz, Luci Ruas e Teresa Cerdeira, o programa do colóquio vai incluir também recitais de poesia, exibição de filmes, lançamento de livros e um concurso de ensaios sobre os dois autores.
Em Roma, no Instituo Centrale per la Grafica, e ainda sem data, será dado palco principalmente a jovens investigadores da obra de Sophia.
Já em Portugal estão igualmente anunciados dois colóquios: em Lisboa (Fundação Gulbenkian, 16 e 17 de Maio), com a presença de especialistas nacionais e internacionais; e em Lagos (3 de Outubro), com os participantes a serem convidados a abordar a obra de Sophia na sua relação com temas como o mar e o Sul, as crianças e o sagrado.
Na área da música, além do concerto do centenário, estão agendados três outros espectáculos: o conto musical A Menina e o Mar, a estrear em Maio, no teatro Lu.Ca, em Lisboa, pelo Ensemble MPMP (Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa), com música de Edward Luiz Ayres d’Abreu, direcção de Martim Sousa Tavares e encenação de Ricardo Neves-Neves – uma produção que seguidamente percorrerá outros palcos do país; também na capital, em data a marcar, a Lisbon Poetry Orchestra, um colectivo de músicos, actores e diseurs, vai interpretar e tocar as palavras de Sophia; e haverá ainda um concerto da Orquestra Sinfónica Juvenil, em local e data igualmente a definir.