A nova criação do encenador e coreógrafo Victor Hugo Pontes parte de um texto de Pirandello e explora a palavra através do movimento e das emoções. “Drama” chega ao Rivoli, no Porto, esta sexta-feira.
Um texto dramático transformado numa obra coreográfica onde a palavra não existe. É este o desafio que o encenador e coreógrafo Victor Hugo Pontes tem desenvolvido nas suas duas últimas criações. “Traduzir uma linguagem verbal para uma linguagem corporal e, assim, esbater as fronteiras que existem entre o que é o teatro e o que é a dança. É isto que tenho explorado”.
A primeira experiência aconteceu em 2016 com “A Gaivota” de Anton Tchekhov, a segunda partiu da história “Seis Personagens à Procura de um Autor”, de Luigi Pirandello.Os dois clássicos têm em comum “o teatro dentro do teatro”, o jogo observativo entre o real e a ficção. Mas se em Tchekhov as personagens apresentam-se em duos ou trios, em Pirandello acontece o aposto e todos estão o tempo todo em cena. “
Isso não é problemático quando existe a palavra, aí o foco é claro, mas a partir do momento em que não existe palavra, todos os corpos em cena têm o mesmo peso e importância. Para conduzir o espetador na minha leitura tenho de o direcionar, para onde quero que ele observe.”